Lembro-me bem das Doce na sua época áurea, na altura eram consideradas algo pirosas e atrevidas, viviamos um bocado o pós-Estado Novo, onde as mentalidades ainda eram algo puritanas. Confesso que já na altura gostava de as ouvir, e nos dias de hoje gosto ainda mais, embora possa parecer algo «kitsh».
Paulo Lisboa: mais do que o pós-Estado Novo, vivia-se (ainda) o pós-PREC, em que tudo o que não fosse "cultura" dos artistas "antifascistas" era imediatamente vilipendiada. Entre os principais alvos da "nomeklatura" estavam o José Cid, o Marco Paulo e - não poderia faltar - todos os fadistas. O povo era suposto ouvir só Zeca Afonso, Sérgio Godinho, e outros artistas "de intervenção". E a generalidade dos outros artistas tinham, de uma maneira ou de outra, que prestar vassalagem ao PCP (de preferência fazerem umas musicazinhas de intervenção) para terem o seu lugar ao sol. A Valentim de Carvalho funcionava como a editora do regime.
Entre os rebeldes dessa época estavam os Heróis do Mar, que à conta das letras patrióticas e das cruzes de Cristo, foram imediatamente chamados de fascistas.
O certo é que as vendas não deixavam dúvidas do que é que público gostava, e as Doce foram um enorme sucesso, mesmo com toda a campanha contra elas na imprensa (até as chamaram de mulheres da vida).
E ainda me lembro das emissões "subversivas" da Rádio renascença, que ousava passar os Gemini, José Cid, as Doce, Cocktail, músicas da Eurovisão, etc. Uma machadada na RDP e outros antros moscoveiros.
Sem dúvida que tudo isso é verdade João Quaresma. O que fizeram aos Hérois do Mar, tentaram fazer aos Delfins, acusando-os de fascistas, chegaram ao ponto de lhes chamar «quéques» de Cascais e por aí a fora, só porque eram de direita. Mas os tempos já eram outros e não pegou...
5 comentários:
Lembro-me bem das Doce na sua época áurea, na altura eram consideradas algo pirosas e atrevidas, viviamos um bocado o pós-Estado Novo, onde as mentalidades ainda eram algo puritanas.
Confesso que já na altura gostava de as ouvir, e nos dias de hoje gosto ainda mais, embora possa parecer algo «kitsh».
Bons tempos, bons tempos...
Paulo Lisboa: mais do que o pós-Estado Novo, vivia-se (ainda) o pós-PREC, em que tudo o que não fosse "cultura" dos artistas "antifascistas" era imediatamente vilipendiada. Entre os principais alvos da "nomeklatura" estavam o José Cid, o Marco Paulo e - não poderia faltar - todos os fadistas. O povo era suposto ouvir só Zeca Afonso, Sérgio Godinho, e outros artistas "de intervenção". E a generalidade dos outros artistas tinham, de uma maneira ou de outra, que prestar vassalagem ao PCP (de preferência fazerem umas musicazinhas de intervenção) para terem o seu lugar ao sol. A Valentim de Carvalho funcionava como a editora do regime.
Entre os rebeldes dessa época estavam os Heróis do Mar, que à conta das letras patrióticas e das cruzes de Cristo, foram imediatamente chamados de fascistas.
O certo é que as vendas não deixavam dúvidas do que é que público gostava, e as Doce foram um enorme sucesso, mesmo com toda a campanha contra elas na imprensa (até as chamaram de mulheres da vida).
E ainda me lembro das emissões "subversivas" da Rádio renascença, que ousava passar os Gemini, José Cid, as Doce, Cocktail, músicas da Eurovisão, etc. Uma machadada na RDP e outros antros moscoveiros.
Sem dúvida que tudo isso é verdade João Quaresma.
O que fizeram aos Hérois do Mar, tentaram fazer aos Delfins, acusando-os de fascistas, chegaram ao ponto de lhes chamar «quéques» de Cascais e por aí a fora, só porque eram de direita. Mas os tempos já eram outros e não pegou...
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