sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Diz-me com quem andas...

"A Câmara de Matosinhos inaugurou hoje o Centro de Arte Moderna Gerardo Rueda, cerimónia que contou com as presenças de José Maria Aznar e Pedro Passos Coelho.

Guilherme Pinto quer transformar Matosinhos no porto cultural da Área Metropolitana do Porto e abrir caminho ao intercâmbio artístico entre pintores portugueses e espanhóis.

A estratégia de desenvolvimento criativo do autarca de Matosinhos foi formalizada, hoje, à tarde, com a inauguração do Centro de Arte Moderna (CAM) Gerardo Ruedo, um dos artistas abstratos mais proeminentes da arte contemporânea do século XX.

Instalada na Galeria Nave, no piso subterrâneo dos Paços do Concelho, o CAM exibe 200 obras das cerca 500 do espólio da Fundação Gerardo Rueda. Na exposição permanente que estará a partir de hoje aberta ao público destacam-se ainda obras de Joan Miró, Antonio Saura, Nikias Skapinakis, Chillida, Tapiés, José Guimarães ou de Noronha da Costa.

A criação do CAM resulta da assinatura de um protocolo entre a Câmara de Matosinhos e a Fundação presidida por José Luis Rueda Jiménez e que terá a duração três anos."


Para estar presente nas cerimónias do 1º de Dezembro, num feriado, na capital, para isso ninguém arranja tempo. Mas, num dia de semana, inaugurar no Norte um museu português com o nome de um artista espanhol que nunca teve nada a ver com Portugal, isso já merece o tempo e a atenção do chefe de governo. Estamos esclarecidos. Está-se a ver quem irá ficar com a TAP.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Heil Keynes!

"Keynes himself admired the Nazi economic program, writing in the foreword to the German edition to the General Theory: "[T]he theory of output as a whole, which is what the following book purports to provide, is much more easily adapted to the conditions of a totalitarian state, than is the theory of production and distribution of a given output produced under the conditions of free competition and a large measure of laissez-faire."

Diga não à reclusão!

Após o golpe de 28 de Maio de 1926, os generais prevaleciam nos ministérios do Terreiro do Paço. Cupertino de Miranda tinha já nessa altura, uma grande fama como financeiro: possuía uma casa bancária no Porto e escrevia artigos sobre finanças no «Primeiro de Janeiro».

O general Ciril de Cordes mandou um emissário a convidá-lo para Ministro das Finanças. Cupertino de Miranda recusou o convite, mas indicou um homem «todo vosso» e doutor em Coimbra: Salazar.

Salazar aceitou o cargo, mas passados três dias foi-se embora, pois não aceitaram as suas condições.

Os generais diziam, na altura, que Cupertino de Miranda não era «dos deles». Foi sempre um «contraditor» de Salazar, embora reconheça que o ditador sempre teve uma grande consideração por ele.

10 DIAS NA CASA DE RECLUSÃO

CUPERTINO DE MIRANDA passou 10 dias na Casa de Reclusão! O motivo foi a Revolta da Batalha. Camilo Cortesão ia com frequência à casa que Cupertino de Miranda possuía na Maia, passando lá largo tempo a preparar a revolta. Um dia, a Pide chamou-o, dizendo-lhe que ia preso 10 dias para a Reclusão. Cupertino de Miranda fez-lhes ver os enormes prejuízos que tal facto acarretava. Quem iria dirigir a Casa Bancária?

O Director da Pide logo arranjou solução: Cupertino de Miranda ia para o Banco, durante o dia, acompanhado pelo agente Faro e, à noite, ia dormir à cadeia.

O agente Faro era mesmo um homem com faro! Prometeu fuga ao banqueiro se ele lhe arranjasse emprego no banco!

Cupertino de Miranda contraiu uma grande constipação na Reclusão: a casa era húmida e a água escorria pelas paredes...

Num desses dias de doença, disse ao Faro:

Hoje não vou para a Reclusão!
Se bem o disse, melhor o fez: deitou-se na cama, junto da mulher.

Às três horas da manhã, bateram, com estrondo, na porta da casa da Boavista. Era o director da Pide acompanhado por outros agentes.

Então, não foi para a reclusão? – perguntou.
Não vou, nem irei! – respondeu Cupertino de Miranda.
Então fica em liberdade! – respondeu o director.

Assim escapou Cupertino de Miranda a mais uns dias de prisão...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Time for Britain's great escape

Como já se tornou hábito, não poderia faltar uma referência à II Guerra Mundial. «The Great Escape» é um filme dos anos 60 que retrata a fuga de soldados aliados de um campo de prisioneiros alemão, protagonizado por Steve McQueen. A comparação da UE a um campo de prisioneiros alemão é devastadora se tivermos em mente a forma como decorreu a cimeira de Bruxelas na semana passada: a economia passou para segundo lugar, o verdadeiro assunto foi a obediência à Alemanha em nome da salvação da Europa. A resposta escocesa também causou estragos. A "Europa" a desmoronar-se.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Se o avião tivesse chegado ao Porto

Um interessante documentário realizado conjuntamente pelo Instituto Amaro da Costa e pelo Instituto Francisco Sá Carneiro. Impróprio para Cavaquistas.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Lições de quem sabe governar

Há dias, vendo o par Merkozy (que só é suportável nos anúncios do Licor Beirão) e lembrando-me do tempo em que os países europeus eram governados por gente capaz como Margaret Thatcher ou Giscard d'Estaign, veio-me à memória o nome de Helmut Schmidt. Há 30 anos era ele o rosto da Alemanha; uma Alemanha que era ainda a Ocidental, a República Federal da Alemanha. Era um país bastante mais digno e bem visto do que é hoje, quanto mais não seja porque era mais comedido e ainda sofria do complexo do derrotado da Segunda Guerra Mundial. A RFA protagonizou o "milagre" económico alemão do pós-guerra e, ciente do seu enorme sucesso, sabia não ser arrogante porque na altura tinha consciência das consequências de espirais de arrogância na Europa.

O ex-chanceler alemão, agora com 92 anos, veio a público dar uns valentes puxões de orelhas aos políticos actuais, e lembrar algumas lições que os alemães não se podem permitir de esquecer.


Ex-chanceler acusa ministro alemão de visitar mais o Médio Oriente do que Lisboa
04/12/11 13:00

Antigo chanceler alemão Helmut Schmidt apelou a mais solidariedade de Berlim para os parceiros europeus.

"Não podemos esquecer que a reconstrução da Alemanha após a guerra não teria sido possível sem o apoio dos parceiros ocidentais, e por isso temos o dever histórico de mostrar solidariedade com outros países, o que se aplica especialmente à Grécia", disse Helmut Schmidt num comício que antecedeu a abertura do congresso dos sociais-democratas (SPD), em Berlim, e em que participaram cerca de nove mil pessoas.

Schmidt advertiu ainda contra eventuais demonstrações de força da Alemanha perante os parceiros europeus, afirmando que o nacionalismo alemão "causa sempre incómodo e preocupação nos vizinhos".

Na opinião do decano da política germânica, que aos 92 anos continua a ser uma figura marcante da vida do país, a confiança na política alemã "sofreu danos, devido a erros na política externa e ao poder económico exercido" por Berlim.

Se a Alemanha "cair na tentação de assumir um papel de liderança na Europa, os seus vizinhos vão defender-se cada vez mais", advertiu Schmidt, que nos últimos congressos do SPD não usou da palavra, depois de, em 1998, ter apoiado abertamente a candidatura a chanceler de Gerhard Schroeder.

"É fundamental para os seus interesses estratégicos que a Alemanha não fique isolada de novo", acrescentou o economista que dirigiu os destinos da Alemanha entre 1974 e 1982.

Schmidt, que tem discordado frontalmente da política europeia da chanceler Angela Merkel, atribuiu ainda a chamada crise do euro à "conversa fiada" de jornalistas e políticos, fazendo uma clara profissão de fé na integração europeia.

"Entretanto, sou um homem muito velho, e a favor de uma completa integração, porque se a União Europeia não conseguir actuar em conjunto, alguns países ficarão marginalizados, e isso será muito perigoso, porque atiçará os velhos conflitos entre a periferia e o centro da Europa", sublinhou Schmidt.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Max Raabe & Palast Orchester - Sex Bomb

Amanhã no Grande Auditório da Gulbenkian (19h).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1º de Dezembro Sempre!

RTP e Fados

«O serviço público de televisão deve comprometer-se acima de tudo com a qualidade da oferta, pensando sempre mais nos direitos dos cidadãos do que - como é natural que aconteça com as televisões privadas - nos impulsos dos consumidores: o serviço público de televisão deve ambicionar ser a televisão dos cidadãos, de uma cidadania exigente e escrutinadora.
O facto é que Portugal nunca teve, desde o 25 de Abril, uma política de comunicação, mas apenas políticas de propaganda. Era tempo... mas para isso seria preciso fazer um corte com o binómio alarve que tem dominado a visão política da televisão, o binómio manipulação/distracção. E que, pelo contrário, se começasse a valorizar o papel da televisão, e nomeadamente do seu serviço público, como instrumento estratégico de formação dos indivíduos, de coesão comunitária, de afirmação da soberania, de renovação da identidade e de revitalização do imaginário.
Em terceiro lugar, é preciso ter consciência que, sendo o serviço público de televisão vital para qualquer pequena nação, ele pode ter um potencial enorme quando essa nação tem uma língua que a excede e projecta no mundo, como acontece com o português. Atrofiar esse potencial quando a televisão digital terrestre permite justamente ampliá-lo, através de uma lúcida estratégia de produção de conteúdos (informativos, documentais, ficcionais, etc.) seria um gesto de total cegueira política.»

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«a UNESCO tem duas classificações de património completamente distintas, a de "Património Mundial", ou "Património da Humanidade", que se aplica a bens materiais de significado universal, como o Mosteiro dos Jerónimos ou as gravuras do vale do Côa, o Taj Mahal da Índia ou a Grande Muralha da China. E a de "Património Cultural Imaterial", que se atribui a bens imateriais, dado a sua função na conservação da diversidade e o seu papel na vida das comunidades que lhe deram origem. O seu valor decorre pois, mais do que do seu significado universal, do seu enraizamento local e do seu significado comunitário.
Foi nesta, e não na categoria de "Património Mundial" que - ao contrário do que reza a enganadora propaganda provinciana que a propósito tem sido difundida - o fado foi escolhido. Como o foram, e os exemplos ajudam talvez a compreender melhor a natureza do facto, as danças Sada Shin Noh (Japão), a música Mariachi do México, as artes marciais Taekkyeon da Coreia, o Mibu no Hana Taue, ritual de tratamento do arroz do Japão, a equitação francesa, o teatro de sombras chinês, o ritual poético Tsiattista de Chipre, a peregrinação ao Senhor de Qoyllurit'i do Peru, etc.
Aqui fica o esclarecimento de um equívoco que, infelizmente, tem sido sobretudo alimentado por quem tinha por obrigação evitá-lo. Até porque, como tão bem disse Ana Moura, mundial e da humanidade, isso o fado já era há muito...»

Manuel Maria Carrilho, hoje no DN.