quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Diga não à reclusão!

Após o golpe de 28 de Maio de 1926, os generais prevaleciam nos ministérios do Terreiro do Paço. Cupertino de Miranda tinha já nessa altura, uma grande fama como financeiro: possuía uma casa bancária no Porto e escrevia artigos sobre finanças no «Primeiro de Janeiro».

O general Ciril de Cordes mandou um emissário a convidá-lo para Ministro das Finanças. Cupertino de Miranda recusou o convite, mas indicou um homem «todo vosso» e doutor em Coimbra: Salazar.

Salazar aceitou o cargo, mas passados três dias foi-se embora, pois não aceitaram as suas condições.

Os generais diziam, na altura, que Cupertino de Miranda não era «dos deles». Foi sempre um «contraditor» de Salazar, embora reconheça que o ditador sempre teve uma grande consideração por ele.

10 DIAS NA CASA DE RECLUSÃO

CUPERTINO DE MIRANDA passou 10 dias na Casa de Reclusão! O motivo foi a Revolta da Batalha. Camilo Cortesão ia com frequência à casa que Cupertino de Miranda possuía na Maia, passando lá largo tempo a preparar a revolta. Um dia, a Pide chamou-o, dizendo-lhe que ia preso 10 dias para a Reclusão. Cupertino de Miranda fez-lhes ver os enormes prejuízos que tal facto acarretava. Quem iria dirigir a Casa Bancária?

O Director da Pide logo arranjou solução: Cupertino de Miranda ia para o Banco, durante o dia, acompanhado pelo agente Faro e, à noite, ia dormir à cadeia.

O agente Faro era mesmo um homem com faro! Prometeu fuga ao banqueiro se ele lhe arranjasse emprego no banco!

Cupertino de Miranda contraiu uma grande constipação na Reclusão: a casa era húmida e a água escorria pelas paredes...

Num desses dias de doença, disse ao Faro:

Hoje não vou para a Reclusão!
Se bem o disse, melhor o fez: deitou-se na cama, junto da mulher.

Às três horas da manhã, bateram, com estrondo, na porta da casa da Boavista. Era o director da Pide acompanhado por outros agentes.

Então, não foi para a reclusão? – perguntou.
Não vou, nem irei! – respondeu Cupertino de Miranda.
Então fica em liberdade! – respondeu o director.

Assim escapou Cupertino de Miranda a mais uns dias de prisão...

2 comentários:

João Pedro disse...

Ciril de Cordes? Onde terá a junta de freguesia ido buscar o nome? É Sinel de Cordes, não "Ciril". O que é certo é que os negócios de Cupertino de Miranda prosperaram e mais tarde criou o Banco Português do Atlântico e a fundação com o seu nome.

Joao Quaresma disse...

Exacto, caro João Pedro. Eu fiz copy-paste do sítio indicado mas o nome também estava-me a fazer confusão. Cupertino de Miranda é uma daquelas grandes figuras do Séc XX que seria interessante serem mais conhecidas.