(Camilo Lourenço, no Jornal de Negócios).
Dois factos ocorridos ontem mostram como funciona o Portugal empresarial: a insolvência da Qimonda Solar e da Rhode. Aparentemente nada as une. Uma quer fazer painéis fotovoltaicos, a outra faz calçado de baixo custo. Na Qimonda o Governo forjou um consórcio com empresas privadas (DST, Visabeira, EDP, BCP, BES...) e públicas (capital de risco) para dar asas a um projecto da Qimonda e da Centro Solar. Objectivo: ocupar 400 pessoas que ficariam sem emprego com o fecho da Qimonda. Poucas semanas depois ninguém se entendeu e o projecto foi pelo cano.
No caso da Rhode também lá anda o dedo do Estado. A empresa, que emprega 984 pessoas, vai apresentar-se à insolvência (a 20 dias das eleições...) e tentar um plano de recuperação.
Tal como na Qimonda o plano é "apadrinhado" pelo Governo: os trabalhadores dizem até que o plano foi sugerido pelo ministro da Economia.
Onde é que isto nos deixa? Tal como na Qimonda Solar o mais provável é que daqui a umas semanas, sem comprador, o destino dos trabalhadores seja o... desemprego.
Os mais ingénuos dirão que o Estado não se pode alhear quando estão em causa milhares de empregos. Errado: deve ficar o mais longe possível deles. Porque nenhuma das empresas tem viabilidade sem novos investidores. E eles não surgem por boa razão...! Meter o Estado nestes processos, fingindo que pode resolver problemas, só faz duas coisas: cria falsas esperanças (adiando a reconversão dos trabalhadores) e atrasa a renovação do tecido empresarial.
2 comentários:
Hummm...Hesito...Este senhor Camelo parece-me ser mais um pau mandado de uma certa camarilha socretina.
Tem dias. Neste comentário, não foi nada favorável ao governo.
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