Proclamação da República.
Das fotos deste momento, normalmente só se vê a metade direita.
Isto porque, segundo a "História oficial", na metade esquerda é suposto estar uma multidão que enchia a Praça do Município.
Em 1910, os meus bisavós moravam em Lisboa, mais concretamente na Rua Andrade Corvo, nas Picoas.
Da minha família dessa época só conheci a minha avó Maria José, nascida em 1899, e que se recordava pouco do 4-5 de Outubro. Lembrava-se de que quando os problemas começaram, com tiros de artilharia ao longe e tiroteio ao virar da esquina (na Avenida Duque de Loulé) o meu bisavô fechou as portadas de madeira das janelas e mandou toda a gente para as traseiras do apartamento. Não sei que mais fez nesse dia, mas o facto é que, tal como todos os oficiais do Exército que não aderiram à revolução republicana, foi expulso do Exército e só foi reintegrado nos finais de 1911, sendo obrigado a jurar lealdade à República.
A minha avó não se lembrava de muito mais. Lembrava-se de ter tido medo, apesar de não ser a primeira vez que ouvia tiros de espingarda e de canhão (o meu bisavô tinha sido instructor na Escola Prática de Infantaria, e campeão nacional de tiro em 1895); só que desta vez os tiros eram "a sério", para matar, e ela sabia-o. E lembrava-se de quando se soube que os republicanos tinham tomado o poder.
Cem anos depois, as pessoas não sabem é o que é a Monarquia. Talvez devessem olhar para a maioria dos países mais evoluídos, mais ricos e estáveis do mundo e tentar perceber porque raio é que eles não querem modernizar-se...
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