"Parte crucial da estratégia do Governo para a área da energia consistia em colocar duas empresas, a EDP e a Galp, a competir na produção e comercialização de energia. Foram concedidas oito licenças para a construção de grupos de produção a ciclo-combinado, duas à EDP, duas à Endesa, duas à Galp e duas à Iberdrola. Na altura o Governo assegurou que estavam criadas as condições para a concorrência no sector e que esses grupos iriam contribuir "para a descida do preço da energia em Portugal". Sucede que, como não existe uma verdadeira estratégia integrada e coerente para a energia, ninguém reparou que, com o crescimento previsto para a energia renovável, tais centrais não eram necessárias. A EDP, graças ao seu mais profundo conhecimento do sector, avançou rapidamente e em força, construiu os seus dois grupos. A Endesa avançou. Os outros hesitaram e não avançaram. Lá se foi a estratégia de colocar a Galp a concorrer com a EDP. Mas o mais hilariante, não fosse termos de pagar a conta, foi o queixume de que, em face de toda a nova produção renovável, os dois novos grupos não eram rentáveis. Era o que faltava, pensaram logo os nossos governantes, que uma das empresas do regime pudesse ter perdas como se de uma vulgar empresa industrial se tratasse. Vai daí, criou-se o mecanismo de "Garantia de Potência", destinado a promover a construção de novos centros produtores térmicos (dá-se um subsídio para ver se os grupos que ficaram no papel são construídos, mesmo sem serem necessários). E para cúmulo, o sistema aplica-se retroactivamente de forma a que até a central do Ribatejo (que já tem uns cinco anos) seja abrangida. Ou seja, como temos excesso de renovável os consumidores pagam agora para ver as térmicas paradas, garantindo a rendibilidade dos produtores. Brilhante."
Via Ecotretas
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