Pode-se argumentar que, para último recurso na defesa do bom nome, existem tribunais e que seria um retrocesso civilizacional o de resolver os diferendos pela força e tendo como penalização máxima a perda de uma vida. Sim, sem dúvida que seria.
Mas, por outro lado, as alternativas existentes pecam por eficácia. Se todos se dessem ao trabalho de mover processos por ofensas à sua honra, os tribunais entrariam em colapso e também não é certo que seja feita justiça. Persistindo a impunidade, persiste o hábito da ofensa e do confronto de ideias agressivo, dando péssimos exemplos à sociedade e tornando-a mais violenta.
Pergunto-me se não seria preferível as pessoas, com a consciência de que poderão sentir no peito o aço de uma espada ou o chumbo de uma bala, verem-se obrigadas a pesarem as suas palavras na hora de fazerem acusações ou usarem qualificativos em relação a outros, com quem os motivos de conflito por vezes não passam de interesses comesinhos, de ridículas rivalidades políticas, culturais ou mesmo desportivas, ou simplesmente de inveja e mediocridade. Não seriam os duelos uma forma de fomentar uma sociedade mais pacífica, respeitadora e (irónicamente), mais civilizada?
Uso como exemplo este caso, revelado pelo Wikileaks, do conselheiro diplomático de Sócrates, que terá dito que Ana Gomes era «pior que um Rottweiler». Escusado será dizer quão imprópria e ofensiva é esta comparação. Pergunto: será que este senhor falaria nos mesmos termos se soubesse que poderia arriscar-se a ter que travar um duelo com um rottweiler?
3 comentários:
Pelo menos, pelo menos, podermos resolver certos diferendos à bengalada.
Nos parlamentos de Taiwan, da Coreia do Sul ou da Ucrânia, o sistema parece funcionar, e torna o debate político muito mais atractivo.
:-)
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