sábado, 29 de outubro de 2011

Exposição sobre Duarte Pacheco, no Técnico

No átrio do pavilhão central do Instituto Superior Técnico, até ao dia 23 de Novembro, de Segunda-feira a Sábado das 10:00 às 20:00. A entrada é livre.

Uma pequena mas interessante exposição complementada pela exibição de filmes da época sobre a obra do jovem e dinâmico ministro das obras públicas que colocou o país no Século XX em termos de infraestruturas. Mesmo para quem conhece a História desse período, não deixa de impressionar o planeamento, a quantidade e o ritmo de construções públicas (1000 escolas em dez anos) dessa época, apesar dos problemas criados pela Segunda Guerra Mundial.

Dos filmes em exibição destaco o mais longo (81mn), chamado «15 anos de Obras Públicas», um filme de propaganda no estilo cansativo de António Lopes Ribeiro mas que é bastante interessante. A exposição inclui também documentos como artigos da imprensa da época (as inevitáveis polémicas e críticas ao que alguns consideravam megalomania) ou plantas de projectos. Alguns destes documentos estão expostos na mesa de trabalho usada por Duarte Pacheco e que hoje é propriedade da CML (a mesa em si é uma lição para muitos políticos actuais).


Ao ver a exposição, lembrei-me de um episódio da Segunda Guerra Mundial em que militares portugueses e britânicos acertavam planos para a defesa de Portugal em caso de invasão alemã. Os britânicos diziam que não tinham forças disponíveis para intervir em Portugal, em tempo e número úteis, e que o melhor que os portugueses tinham a fazer era sabotar e dinamitar tudo o que pudesse ser útil aos alemães: fábricas, portos, estaleiros, pontes, caminhos de ferro, barragens, centrais eléctricas, a refinaria de Cabo Ruivo e o que mais houvesse. Ou seja, não só não nos ajudavam como queriam que destruíssemos toda a infraestrutura que Portugal finalmente tinha, que era nova em folha ou se estava a construir. Perante isto, o oficial chefiando a delegação portuguesa respondeu dizendo que, assim sendo a ajuda do aliado britânico, e já que não seria possível resistir às tropas alemães, então que melhor seria simplesmente deixá-las entrar e conservar o país intacto.

A obra de Duarte Pacheco perdura e, passados 60, 70 ou mais anos, está aí a servir as actuais gerações. Construções bem pensadas, bem construídas, próprias para o nosso clima e feitas para durar sem grandes despesas de conservação. Das escolas e universidades às pontes e às barragens, do Hospital de Santa Maria ao Aeroporto de Lisboa, inaugurado em 1942 numa época em que nunca se supôs que serviria a aviões a jacto quanto mais aos milhões de passageiros que por ele agora passam.

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