Foi celebrado um memorando de entendimento entre a Swedish Automobile e a Pang Da e a Youngman para a venda de 100% das acções da Saab por 100 milhões de euros.
Os chineses estão a comprar a Suécia. Depois da Volvo e da Carrier (segundo fabricante mundial de ar condicionado), agora Saab. Não sendo sueco, não deixo de ter pena de ver mais uma prestigiada marca sueca a ir parar a mãos chinesas. É uma ideia da Suécia que está a acabar: o de um pequeno país altamente industrializado, fabricante de alguns dos melhores produtos do mundo na sua especialidade, a competir em pé de igualdade com os gigantes.
A Saab era uma autêntica empresa-bandeira da Suécia. Nasceu como fábrica de aviões, para permitir o auto-abastecimento deste país neutro, nomeadamente em aeronaves militares. Ainda hoje, a empresa aeronáutica da Saab fabrica um dos melhores caças do mundo, o Saab Grippen. O primeiro avião do mundo equipado com um assento de ejecção era um Saab, e a empresa esteve na primeira linha do aparecimento dos aviões a jacto.
Após a Segunda Guerra Mundial, e seguindo o exemplo de numerosos países na época, a Suécia necessitava de um fabricante de automóveis populares e acessíveis (o que não eram os Volvo), para se motorizar. A Saab aproveitou o seu know-how para produzir um pequeno automóvel seguindo a filosofia do Volkswagen, o Saab 92001. O fabricante tornou-se conhecido e prestigiado em todo o mundo, autonomizou-se da divisão aeronáutica e deixou o mercado dos carros populares e tornando-se num nome sólido na gama alta.
Em 1989 foi adquirida pela General Motos, que acabaria por levá-la à decadência: fechou a sua divisão de produção de motores e caixas de velocidade, e os novos modelos passaram a ter como base modelos e componentes da Opel. O mercado não reagiu bem, já que os novos Saab eram demasiado caros para o que realmente eram: um Opel de luxo. Deu-se a falência em 2010 e venda a interesses holandeses que não conseguiram salvar a empresa.
O preço de 100 milhões de euros pagos pelos chineses é irrisório, já que os novos donos anunciam que a empresa necessitará de um investimento de mais de 600 milhões. Duvido que a Saab se mantenha na Suécia, já que o interesse chinês em empresas europeias prende-se sobretudo com a posse da tecnologia, transferindo a produção para a China. Já aquando da compra da Rover, a intenção anunciada era de manter produção na Europa, o que não se confirmou e hoje, em Longbridge, o que era a maior fábrica de automóveis da Europa é hoje uma enorme área terraplanada.
É a Europa em decadência, e a China em ascensão sobre os seus despojos.
1 comentário:
Uma tristeza. Mas há na Europa um património cultural que traz cá chineses e outros povos, e que se for transplantado perde o interesse. Há que apostar aí, penso eu.
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