quarta-feira, 25 de julho de 2007

Juntos Venceremos

Chama-se Vinci GT e é um carro de concepção e fabrico português, na categoria dos superdesportivos. Provavelmente já ouviram falar dele. Para um país que há perto de um século que tem indústria automóvel mas raramente com marca própria, esta é sem dúvida uma boa novidade. Por todas as razões óbvias e mais esta: serve para mostrar que em Portugal, ao contrário do que muita gente por esse mundo fora pensa, nós não somos apenas bons a fazer vinhos e conservas de peixe, e que o que é sofisticado e requintado também está ao nosso alcance. Parece exagero, mas a credibilidade de Portugal em matéria de produtos é francamente má por todo o lado, menos nos PALOP e no Brasil. Mas, adiante.



Mas olhando ao pormenor, e sem desmerecer a iniciativa e os seus autores, o Vinci GT sofre de alguns erros, não propriamente de concepção, mas de abordagem ao projecto.

Primeiro, o nome. Um carro de luxo português chamado Vinci? Muitos empresários portugueses conseguer vender a sua roupa fazendo-a passar por italiana, mas vender carros de 300 a 400 mil euros da mesma maneira, decididamente não pega. E num segmento onde o prestígio é grande parte do que se vende, ter complexos de inferioridade ao assumir a nacionalidade é claramente um mau começo.



Segundo, a estética. Qualquer carro desportivo pintado em vermelho Ferrari dificilmente ficará mal. Mas a estética do Vinci GT deixa a desejar. O estilo de linhas arredondadas que ficou conhecido na década passada como o dos carros-sabonete e que saíram de moda no final dos anos 90, a frente demasiado "sul-coreana" para o segmento de mercado a que se dirige, as descontinuidades laterais que, de alguns ângulos, facilmente podem ser confundidas com a carroçaria estar amolgada e, por fim, a traseira demasiado inspirada na dos Ferrari dos anos 60 e 70. Os designers dizem ter-se inspirado nos desportivos dos anos 60 (o que não é própriamente algo de original na indústria automóvel), mas as linhas resultam em sabonete anos 90, mais do que qualquer outra coisa.



Terceiro, os interiores: mais uma vez a estética falhou, e agora clamorosamente. As linhas estão ultrapassadas (o que seria aceitável se fossem do estilo anos 60, tal como é a filosofia do carro; mas não são) e são facilmente superadas por automóveis modernos de escalões inferiores; um bom exemplo disso é o VW Eos, com interiores extremamente bem conseguidos.

Quarto, e este é um pecado "mortal": motor de 6 litros, 470 cv, com uma caixa de transmissões automática?

No ensaio do protótipo no Circuito da Boavista, cujo recorde foi logo batido, alguns pilotos experimentados atestaram as boas qualidades do Vinci GT. Mas parece-me óbvio que o trabalho falhou na estética e no marketing. Para ambicionar ser um sucesso comercial, o Vinci GT precisa - diria impreterivelmente - de duas coisas:

1. Voltar ao estirador do designer e sair de lá com uma estética melhorada, consentânea com o nicho de mercado a que se dirige.

2. Mudar de nome, para algo mais evocativo de Portugal, ou pelo menos que não seja um falso-italiano, que não pareça uma imitação de um produto de prestígio de outro país, com créditos consagrados há muito. Os italianos também não andaram a dar nomes alemães ou ingleses aos seus carros.

Que venha o Vinci GT, que seja um sucesso e que seja motivo de orgulho nacional.

Sites oficiais da empresa e do carro.

terça-feira, 24 de julho de 2007

3000 Euros bem gastos

Ao contrário de Portugal e da Descolonização Exemplar, a França mantém um grande número de territórios ultramarinos, do Atlântico Norte ao Pacífico Central. À excepção da Guiana Francesa, tratam-se de territórios cuja independência ou não é viável ou não é conveniente, e que beneficiam de uma administração francesa que se não é quase irrepreensível é pelo menos bastante positiva.

Um desses territórios é a Polinésia Francesa, um conjunto de arquipélagos onde o desenvolvimento turístico tem sido de excelência, e preservando a imensa beleza natural.











Os preços para uma estadia de duas semanas darão certamente que pensar a muitos dos que estão neste momento a tentar passar férias no labirinto de betão do Algarve.

E este vídeo de promoção do Turismo da Polinésia Francesa então deve ser deprimente.

domingo, 22 de julho de 2007

For Russia with love

Em Paris, a parada do 14 de Julho de 2007 foi diferente de todas as anteriores, ao ser aberta pelas representações das Forças Armadas de todos os países da União Europeia. Coube a Portugal, actual presidente da UE, ter as primeiras tropas a desfilar, no caso Fuzileiros Navais. À frente, a bandeira da UE foi transportada por um oficial do Exército Português.

Sendo que entre as tropas dos 27 países da UE estavam algumas do antigo Pacto de Varsóvia, o desagrado da Rússia foi óbvio. E ao mesmo tempo que o desfile decorria, Moscovo anunciou a sua retirada do Tratado CFE, de limitação de armamentos convencionais na Europa, assinado em 1990 e que foi um dos marcos do fim da Guerra Fria.

Os russos adoram grandes paradas militares, ...mas só as deles.

Levantar o moral



O mais português dos VW, o Eos, está a ter um assinalável sucesso em todos os mercados, acumulando elogios da imprensa especializada e prémios do descapotável do ano. E a popularidade entre os proprietários é tal que o Eos está a caminho de se tornar num automóvel de culto. A produção em Palmela não tem chegado para as encomendas que chovem da Europa, Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e Médio Oriente. No Reino Unido, a lista de espera para a versão TDI atinge os 10 meses.

Boas notícias para a economia do país, e para o prestígio do que é feito em Portugal mesmo quando leva marca estrangeira. É pena que em Portugal os noticiários continuem a dar prioridade à politiquice, à propaganda governamental e ao incontornável futebol.

Remove before flight


Algures no Atlântico Norte.

O pão com manteiga



Carroll Baker, 31 anos.