quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ah, grande malandro!

Dizem que exagerava nas poupanças, na mania de gerir bem o dinheiro do Estado. Era o botas. O rapa-tachos. O forreta. Era autoritário, não deixava que se gastasse inutilmente. Era preciso pedir autorização para comprar uma borracha. Era preciso pedir autorização para se ter isqueiro, para não prejudicar as fábricas de fósforos portuguesas. Preferia obras públicas que utilizassem materiais portugueses e tecnologia portuguesa, como barragens e pontes em betão. Obrigava a que todos os automóveis fossem montados em fábricas portuguesas, com 25% de peças portuguesas, para gerar emprego e conter a saída de divisas. Os bancos, coitadinhos, não podiam praticar spreads acima de 1%. As contas eram rigorosas, pão-pão queijo-queijo, e o Estado só representava 20% do PIB, ao contrário dos 50% actuais. O Escudo era uma das moedas mais fortes do Mundo, a par do Franco Suíço, do Rand, e do Dólar. Não tínhamos dívida externa.

Um grande malandro.

Mais um PEC porreiro, Pá!

E pronto. Este foi mais um PEC do glorioso Partido Socialista (a quem o Povo Português tanto deve). Parece que próximo é que vai ser giro.
Porque é claro que vai haver um novo PEC daqui por uns meses. Só quem continua a não perceber nada de Economia e ainda não enxergou esta gente é que pode acreditar que isto resolve alguma coisa. Como não resolveu das outras vezes. O Estado vai continuar a comportar-se como um toxico-dependente que nós somos obrigados a sustentar. E o IVA a aumentar 3% no espaço de meses vai prejudicar ainda mais a Economia, reduzir ainda mais o poder de compra (os preços aumentam sempre mais que os pontos percentuais de IVA), fechar mais empresas, provocar mais desemprego. Nos outros países, proíbe-se o endividamento, reduz-se o tamanho do Estado, reduz-se drasticamente o número de funcionários públicos, fundem-se serviços e autarquias e baixam-se os impostos. Aqui, aumentam-se.

Daqui por uns meses, em nome da credibilidade externa e do interesse nacional, lá vai ser preciso aumentar mais impostos, cortar isto, reduzir aquilo.
É porque a banha da cobra sai muito cara.

Excelente análise de Álvaros Santos Pereira ao PEC III, no Desmitos

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Kylie Minogue - Dancing queen


E já lá vão 10 anos...

A Fuga das Galinhas - Parte II

Cavaco não quer demitir Sócrates. Agora, o animal feroz ameaça demitir-se se não houver orçamento. Uma desculpa que serve como outra qualquer, como as Autárquicas de 2001 serviram a Guterres. O pântano, de novo.

Nada diplomata

Acredito que a substituição de Manuel Maria Carrilho seja uma punição política por parte de Sócrates. Mas será que esta criatura não sabe que um embaixador em funções não pode andar a criticar o Governo do seu país?! E os comentadores de serviço falam de Carrilho como um injustiçado por ter sido demitido?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A bater no fundo é que a gente se entende

Os avisos vieram de vários lados: a ausência de um acordo entre PS e PSD sobre o OE2011 seria a estocada final na réstia de credibilidade do Estado Português. Que fazem ambos os partidos "de poder"? Guerreiam-se.
É minha opinião desde há muito tempo (ainda antes do Medina Carreira, honra me seja feita... :) ) que a entrada do FMI em Portugal é algo não só inevitável, como desejável. Os dois enxames de parasitas que se têm alternado no poder não estão nem capacitados nem motivados para tirar a Economia (e o País) do buraco em que o meteram. Mais uma vez tem de vir o estrangeiro para meter ordem na criançada. É a falência desta classe política, e da aposta europeia. Pensava-se que pertencer à CEE, à UE, à "Europa" resolvia-nos os problemas e escudava-nos da nossa própria incapacidade em nos governarmos. Mas a verdade é que a solução vem dos americanos (o FMI é, para todos os efeitos, um braço dos EUA) e vai doer. Vai ser uma cirurgia sem anestesia. Dolorosa mas necessária.
Um dia que se escreva a História de Portugal neste período, dir-se-á: «Nos meses antes da falência prática das finanças públicas, os assuntos que dominavam a actualidade eram as obras públicas desnecessárias e incomportáveis, o casamento gay, os escândalos de corrupção e de pedofilia, a defesa do Estado Social e os problemas da selecção de futebol».

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lições da Suécia

Há muitos anos, uma antiga vizinha minha casou com um sueco, de quem teve uma criança que nasceu em Estocolmo. Por via do marido, teve o acompanhamento dos serviços de saúde suecos e lembro-me de um dia ela receber um telefonema da Suécia, a avisá-la de que estava na altura do bebé começar a fazer ginástica.

A Suécia sempre foi considerada o suprasumo do Estado Social. Um autêntico Estado-Papá a que toda a gente queria estar ligada, e a que a Suécia não dizia que não. Uma amiga minha, directora comercial da filial de uma grande empresa sueca em Angola, conseguiu que todos os funcionários angolanos pudessem ser integrados na Segurança Social sueca, apesar de raros terem sido os que alguma vez puseram o pé na Suécia.

O segredo tem sido um povo extremamente civilizado, eficiente, honesto e por isso rico, e um sistema social que não é uma completa balda como a que existe em quase todo a Europa (e que agora colocou a Europa à beira da falência). Por exemplo, as universidades são 100% gratuítas, e incluem alojamento gratuíto em residências próprias. Mas só se pode concorrer depois de 2 anos de trabalho (na Suécia ou no extrangeiro), para dar tempo aos jovens para pensarem bem se querem e se realmente precisam de ir para a universidade e qual a profissão que lhes convém mais. E para que a frequência de um curso universitário não seja entendida como apenas um prolongamento do liceu e uma maneira de se viver longe dos pais, por conta deles e do Estado. Compare-se isto com o disparate do sistema de Bolonha (que os próprios italianos já abandonaram).

Mas por muito ricos que sejam, e por muito bem organizado que seja o seu estado social, até a Suécia - tradicionalmente social-democrata - virou à Direita, por perceber que até para eles a despesa é muita, e que o Estado não pode ser Pai Natal.

Numa altura em que em Portugal, ou dos quatro únicos países dos 27 da UE onde a Esquerda ainda está no poder (os outros são Espanha, Grécia e Chipre), ainda há gente que insiste em acreditar em ilusões. Não temos nada que se compare à Volvo, à Saab, à ABB, à Eriksson ou Tetrapak, pelo que para se brincar ao Estado-Papá, só mesmo indo ao bolso deste país improdutivo, endividado e pedinte do dinheiro dos outros. Em Portugal, há 35 anos que os ricos pagam a crise como em mais nenhum outro país da Europa e, sem surpresas, a crise continua. Porque é preciso que haja crise para o Estado continuar sempre a tirar mais dinheiro a todos, e a justificar o Estado Social com o grande número de pobres. Não se trata de Economia, nem governar para o bem do país: é simplesmente política.

Para se governar um país, é preciso tomar decisões com pragmatismo, e com bases em dados concretos e realidades conhecidas, não em bandeiras ideológicas. E ter presente que o excesso de generosidade leva sempre a abusos. A alternativa é a falência.

A minha ex-vizinha não deu valor ao facto do marido sueco ser um bom marido e um bom pai, de ter abandonado um emprego capaz na Suécia para vir viver para Portugal porque gostava dela e, apesar de ser um jarrão sem ponta de piada, não tardou a brindá-lo com um par de chifres. Quando soube, o sueco deu-lhe uma merecidíssima sova e voltou para Suécia com a criança. Há coisas que nem um civilizadíssimo suporta.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Já que falamos de profecias:

Talvez já ninguém se lembre, mas fez ontem 11 anos que ficámos sem Lua:

Os ingleses, já que não puderam participar na corrida espacial, ao menos saíram-se bem no campeonato das séries espaciais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Me and my big mouth

No Domingo, estava vendo na RTP2 o Rigoletto a Mantova, depois de na noite anterior ter visto o Casablanca, e dizia para comigo mesmo: «A RTP dar um bom filme e uma ópera, no espaço de dois dias? Deve estar um asteróide para colidir com a Terra!»

Entretanto, nas notícias...:

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Neil Diamond - September Morning

O Mundial ibérico de Espanha, Espanha, Espanha!



E mais isto:




Pois é, mas as despesas da organização continuam a ser pagas a 50/50.

«A prioridade da nossa política externa é Espanha, Espanha, Espanha!»
José Sócrates, 2005

Um aumento simplex de 400%

A nova tabela de preços dos serviços dos registos e do notariado, ontem publicada em Diário da República, mantém alguns valores mas, na maioria dos casos, revela aumentos que variam entre os 20 por cento (como os registos de casamento) e os quatrocentos por cento (registo predial). Aumentos que, no entender do bastonário dos Notários, não têm qualquer justificação, só fazendo sentido numa lógica de " arrecadar receitas". Em alguns casos, as percentagens de aumento chegam a ser "imorais", sublinha ao Correio da Manhã Alex Himmel, recordando o caso do registo de prédio rústico, que passa de 50 para 250 euros (aumento de 400%).

Para o bastonário, estes aumentos vão penalizar ainda mais os particulares e as empresas num contexto de crise económica. Por outro lado, considera que o Estado continua a não respeitar o princípio da proporcionalidade, mantendo assim uma postura de "ilegalidade".

O Estado "fixa preços elevados para os serviços que detém em monopólio e baixa nos preços dos serviços em que concorre com os privados", denuncia Alex Himmel

Todos os anos, a indústria dos fogos florestais incendeia Portugal. Todos os anos, as culpas são atiradas para os proprietários das terras por não fazerem a limpeza regular das matas, como se se tratassem de jardins, como se fosse coisa barata e simples de fazer, e como se a Natureza não seguisse o seu curso logo após cada limpeza. Só falta dizer que os incendiários são os próprios proprietários, e não tarda a que surjam os idiotas do costume (Miguel Sousa Tavares, o Ministro da Agricultura, o Bloco de Esquerda) a proclamarem a necessidade do Estado roubar (perdão, "nacionalizar") as terras abandonadas, como a grande solução para o problema. Por esta lógica, seria necessário "nacionalizar" também os terrenos do Estado que estão ao abandono, "nacionalizar" a União Europeia que impede muitos proprietários de produzir, e "nacionalizar" os tribunais que arrastam processos de partilha de heranças durante anos, impedindo o uso de muitos terrenos.

A falta de ordenamento do espaço agrário é um grande problema do Portugal além-Lisboa & Porto, e repercute-se também na dimensão dos incêndios. Mas nenhum governo toma qualquer iniciativa para o resolver. Pelo contrário: agora aumentam o preço de registo de um prédio rústico em 400% com a desculpa de passar a pagar um serviço que agora é informatizado.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os exemplares ventos da História

Lourenço Marques, princípios de 1976. Numa esplanada, um amigo meu escutava a conversa, em Francês, entre um militante da Frelimo e dois conselheiros técnicos búlgaros enviados para Moçambique em nome da solidariedade comunista para tentar colmatar a falta que faziam todos aqueles que tinham partido no momento da Independência. Esta havia acontecido apenas uns meses antes, mas já quase nada funcionava, nem Economia nem serviços públicos. A fome era generalizada. A melhor refeição que o dinheiro podia comprar era peixe frito com arroz, e ainda se arranjava cerveja.

Mas era o suficiente para os búlgaros estarem "nas suas sete quintas"; comentavam a beleza da cidade, das praias, o clima e o estado de evolução do país. Um deles diz para o membro da Frelimo: «Vocês têm aqui um país formidável!»

Responde o comunista moçambicano: «Haviam de ver isto no tempo dos Portugueses...»