quinta-feira, 26 de junho de 2008

Portugal a definhar

Perdemos todas as corridas. Perdemos a corrida para a Europa, a corrida para a industrialização, a corrida para a emergência de uma sociedade civil não artificial - porque a que por aí existe se vai parecendo cada vez mais com uma indecente barganha de dinheiros, favores e isenções - a corrida para a justiça, para saúde e para a educação. Ficou só o Bloco Central mais os futebóis, essa religião civil que vai lentamente tomando conta dos afectos, dos restos de lucidez e de bom-senso inerentes à espécie humana. Outros fogos surgiram, aqui e ali, como foguetório de entretenimento em momentos em que o comatoso recobrava o espírito. Coisas importantíssimas como os crucifixos nas escolas, as interrupções da gravidez, as drogas duras e moles, as regionalizações, as coincenerações e outras magnas tarefas do razonamento filosófico deixaram de lado coisas insignificantes como a reforma do Estado e da tributação, a reforma da educação, a formação do civismo e a discussão dos futuríveis. Estamos em coma há 10.000 dias. E aí se perfilam mais 10.000.

É assim que estamos a calcetar, com paciência de coollie, o caminho para o fecho de portas.

No Combustões.

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