sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os civilizados reconhecem-se

"Compreende-se a razão pela qual o vosso país é tão respeitado na Ásia e como conseguiu manter um império durante tanto tempo"...

Excelente post a ler no Estado Sentido.

Ainda a propósito, uma notícia antiga mas interessante:

Portugal e Tailândia aliados há 500 anos

Nacional 2009-06-12 12:08
Portugal e a Tailândia conheceram-se há 500 anos e, para assinalar a data, em 2011, o antigo Sião quer oferecer a Portugal uma réplica em teca de um Pavilhão, uma construção típica tailandesa a instalar na frente ribeirinha de Lisboa.

A réplica, cuja instalação defronte da Cordoaria Nacional está dependente da cedência de um terreno da Administração do Porto de Lisboa ao município da cidade, é uma das iniciativas com que a Tailândia pretende comemorar, em 2011, os 500 anos das relações diplomáticas com Portugal.
Este e outros projectos vão ser apresentados durante uma visita de cinco jornalistas portugueses, incluindo da agência Lusa, à Tailândia, a convite da embaixada em Lisboa.

A visita, que começa no domingo, insere-se no âmbito das comemorações do V centenário das relações diplomáticas e prevê deslocações a Banguecoque e a Ayutthaya, respectivamente actual e antiga capital da Tailândia, onde há vestígios de igrejas católicas e cemitérios portugueses e onde ainda vivem descendentes lusos, ambos fruto da passagem dos portugueses pelo reino ao longo de cinco séculos.

Portugal, por enquanto, não definiu um programa comemorativo.

Em declarações à Lusa, o embaixador português em Banguecoque, António de Faria e Maya, referiu que ainda não foi criada a Comissão Nacional Interministerial (ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura) para as comemorações, aguardando-se que, "até ao final deste ano", se realize a reunião da Comissão Mista (Portugal/Tailândia) para "aprovar um programa conjunto".

Algumas das propostas portuguesas em estudo passam pela edição, em ambos os países, de um selo-postal e de documentos históricos inéditos sobre as relações luso-tailandesas, assim como pela realização de espectáculos de dança e música, exposições itinerantes de artes plásticas e um congresso.

Não é a primeira vez que a Tailândia oferece a reprodução de um Pavilhão, edifício disposto em colunas com pináculos dourados, a um país para assinalar as suas relações diplomáticas. Alemanha e Suíça já têm exemplares.

No caso português, a intenção foi manifestada há dois anos pela Embaixada da Tailândia em Lisboa ao assessor diplomático da autarquia, José Gouveia Melo, que foi embaixador em Banguecoque entre 1982 e 1989.

O local escolhido para receber a réplica - que "demora um ano a fazer" e cujas peças são encaixadas umas nas outras, sem pregos - é "um terreno junto ao rio, em frente à Cordoaria Nacional", que pertence à Administração do Porto de Lisboa, entidade com a qual o município da cidade está a negociar a cedência da área, salientou José Gouveia Melo.

A Tailândia propõe-se também avançar com a segunda fase das escavações arqueológicas no Ban Portuget (Bairro Português) de Ayutthaya que, na década de 90, puseram a descoberto as fundações da Igreja de São Domingos e esqueletos quase intactos no cemitério, conservados num trabalho a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian e do Departamento de Belas-Artes da Tailândia.

Além da Igreja de São Domingos, foram construídas em Ayutthaya, por parte dos missionários cristãos portugueses, mais duas igrejas: a de São Paulo e a de São Francisco.
No ano passado, a Tailândia efectuou escavações na zona onde se supunha ter existido a Igreja de São Paulo, mas apenas foram encontrados vestígios de um templo budista.

A directora-adjunta do Serviço Internacional da Fundação Calouste Gulbenkian, Maria Fernanda Matias, manifestou à Lusa o interesse da instituição em continuar a apoiar técnica e financeiramente os trabalhos de preservação das ruínas em Ayutthaya, desde que sejam descobertos efectivamente vestígios portugueses.

Portugal foi o primeiro país europeu a estabelecer relações com o antigo Sião, tendo os dois Estados assinado um tratado de comércio e amizade em 1516, cinco anos depois da chegada do enviado do governador da Índia Afonso de Albuquerque, Duarte Fernandes, à capital do reino, Ayutthaya.

Através deste tratado, os portugueses instalaram uma feitoria em Ayutthaya, que albergava missionários, comerciantes e mercenários e que subsistiu até à destruição da capital pelos exércitos birmaneses, em 1767.

Em sinal de agradecimento ao apoio prestado pelos portugueses nas guerras com o rei da Birmânia, o Sião concedeu-lhes terras numa zona mais afastada do reino, correspondente à actual Banguecoque, onde ainda hoje, em duas áreas distintas separadas pelo rio Chao Phraya, mantêm-se de pé as igrejas de Santa Cruz e do Rosário.

No antigo Bairro do Rosário, onde, a par de Santa Cruz, os portugueses procriaram com siamesas e espalharam a fé católica, "ainda vivem várias famílias de apelido português e, no cemitério, encontram-se até lápides com inscrições" na Língua de Camões, assinalou a historiadora Maria da Conceição Flores, autora de "Os Portugueses e o Sião no Século XVI" e que acompanhou as primeiras escavações arqueológicas em Ayutthaya.

Em 1820, num novo gesto de gratidão, o reino do Sião ofereceu à coroa portuguesa o terreno, em Banguecoque, onde se localiza a embaixada lusa, a mais antiga representação diplomática portuguesa no mundo e na Tailândia.

No Açoriano Oriental.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Vou limitar-me a fazer o link, João. Obrigado pela informação.

Joao Quaresma disse...

Always a pleasure. E obrigado pelo link.