sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

(Seria) sem comentários

Muito há para ser dito sobre o que se passa neste país. Mas não me apetece. Este blogue nem sequer era para falar em política e ultimamente quase não falo noutra coisa, ainda que em parte a pretexto de Economia. Sinto-me triste por ver este velho país no estado em que está, a piorar e sem perspectivas de recuperação, numa bandalheira completa. A decadência está institucionalizada, o regime que vigora é a Bandalheira Absolutista. Ainda há pouco passei em frente de antigo Cinema Mundial, onde fui tantas vezes e onde não devo voltar a entrar. Pela porta, vê-se o cartaz da Remax entretanto retirado: que irá fazer quem o comprou? Mais um templo de uma igreja do Cravanço Divino? Provavelmente.

Tenho saudades do que o país era antes de se "modernizar", das coisas que tínhamos quando éramos um país normal. Mesmo com o que havia de mal, estávamos melhores do que hoje. Não havia telemóveis nem televisão por cabo, mas não se deixava de falar a ninguém e a televisão não era o lixo que é hoje. Não havia shoppings deprimentes, em que somos levados a comportarmo-nos em autómatos consumistas a crédito; havia a Feira Popular, havia sardinhas assadas, algodão doce, havia carroceis (sem fascismos da ASAE) e carrinhos de choque, e tudo isto sem videovigilância. Podíamos não ter a panóplia de produtos que as multinacionais despejam cá, mas da Laranjina C ao pneu Mabor este país abastecia-se a si mesmo, não exportanto riqueza e empobrecendo-se estupidamente como temos deito nas últimas décadas.

E havia, apesar de tudo, alguma vergonha. Não valia tudo.

Hoje, o pior que o país tem está no poder e faz a lei. Para vergonha colectiva, foram postos no poder por este pobre povo que não vê um palmo diante do nariz, que percebe nada de nada, que se queixa, diz mal, chama nomes, mas não faz nada para resolver o quer que seja. Carneiros a caminho do matadouro, sem que o percebam.

Tenho para ler livros sobre a nossa grandeza passada, de como Dom João V quis a Santa Sé se estabelecesse em Mafra, mandando para isso construir o Convento, de como boa parte do mundo foi nosso e de como implantámos a civilização em parte dele.

E não me apetece ler nada disso: é demasiado deprimente.

6 comentários:

Gi disse...

Deprimente não é ler o passado mas sim perceber que não há futuro.

Joao Quaresma disse...

O que queria dizer é que é deprimente saber o que fomos e o que somos,para além das perspectivas de futuro.

CAP CRÉUS disse...

Não há prespectivas de futuro...O que é uma grande bronca!
Sinto-me triste com o rumo que isto está a levar,e toda e qualquer mudança que possa haver, é para que tudo fique na mesma!

Paulo Lisboa disse...

Tenho para mim que este regime está podre, podre de corrupção, de nepotismo, de clientelismo e de incompetência. De facto antes do 25 de Abril de 1974 estávamos melhor em muitas coisas:
- O regime anterior, podia ser «fascista» e mais não sei o quê, mas tinha um desígnio nacional e era patriótico. Não é como este, que além de não ter desígnio nacional nenhum, ainda lambe as botas aos estrangeiros em troca de esmolas.
- A educação não era para todos, mas quem tinha a sorte de ter acesso a ela, beneficiava de uma educação muito melhor do que agora.
- O regime anterior, comparado com este, era sádio em termos de honestidade, seriedade, honradez e competência. Não havia esta corrupção desenfreada que tudo corroí e só era ministro quem tinha prestigio e competência reconhecida, não é como hoje, em que qualquer idiota com um curso tirado por correspondência ao Domingo se pode tornar ministro.
- Não havia a esse cancro da droga, nem a criminalidade que há hoje, que tem o condão de infernizar ainda mais o dia-a-dia dos portugueses.
Há uns anos atrás, nalgumas coisas, estávamos de facto francamente melhor.

Joao Quaresma disse...

Paulo Lisboa: tem razão mas o anterior regime, nos 40 anos que durou, devia ter feito por fazer o povo português evoluir mais. Sobretudo na Educação (que devia ter sido generalizada) e na formação profissional. Se o tivesse feito, os portugueses de hoje não fossem tão fáceis de enganar com promessas e iludir com as soluções vindas do Estado, e não votariam como votam nem agiriam no dia-a-dia como agem. Tal como estávamos, em 1974, e ainda hoje, éramos presa fácil dos enxames de parasitas que hoje dominam o país. Salazar tem uma quota parte de responsabilidade nisso.

Paulo Lisboa disse...

João Quaresma: o grande pecado do Prof. Salazar foi não ter apostado a sério e em massa na Educação dos portugueses. Por isso mesmo, hoje em dia ainda pagamos muito caro esse erro.