Nos últimos meses, o processo que levará a um inevitável ataque israelita às instalações do programa nuclear do Irão tem dado os últimos passos. Israel tem a capacidade militar para o fazer e conta com a solidariedade dos seus vizinhos árabes que não desejam um Irão forte, e muito menos com armas nucleares. Já há meses, o Egipto anunciou que deixará passar navios de guerra israelitas pelo Canal do Suez, mais concretamente os submarinos equipados com mísseis de cruzeiro (que poderão ter carga nuclear), podendo assim aceder ao Golfo Pérsico e Mar Arábico, ameaçando o Irão e o Paquistão. A Arábia Saudita já fez saber que abrirá o seu espaço aéreo à aviação israelita. Jordânia, Kuwait e Iraque - escusado será dizer - não só não colocam dificuldades, como se pudessem estenderiam uma passadeira vermelha no céu. Além disso, é sabido que os Curdos iraquianos vão mais longe e consentem no uso dos seus aeródromos em caso de necessidade de escala.
Do outro lado, o Irão conta com a Síria (que se tiver juízo não se envolverá directamente na questão), com o Hezbollah a Norte e o Hamas a Sul. Ao mesmo tempo que a flotilha "humanitária" tentava furar o bloqueio naval israelita à Faixa de Gaza (e assim exercitando a máquina de propaganda da esquerda europeia contratada pelos iranianos), o Hezbollah era abastecido em armamento incluindo alguns milhares de mísseis (estima-se que 3000) pelo Irão, incluindo os famosos Scud de fabrico soviético (obsoletos, de alcance limitado, mas suficiente para atacar todo o território israelita a partir do Líbano). [Com a devida vénia ao A.M.G. :) ]
Uma semana depois, o Hamas tentou infiltrar mergulhadores de combate em Israel, tendo sido prontamente apanhados pelos israelitas, no que foi um óbvio teste encomendado pelos iranianos.
Em finais de Maio, Israel levou a cabo o maior exercício de defesa civil da sua História, preparando a população para ataques com mísseis disparados tanto pelo Hamas como pelo Hezbollah.
Há três semanas, os EUA renderam a esquadra que têm no Oceano Índico com o grupo chefiado pelo porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower, ao mesmo tempo que os franceses enviaram o seu porta-aviões Charles de Gaulle.
Entretanto, a Turquia (agora aliada do Irão) rejeitou o uso do seu espaço aéreo aos israelitas, a ONU decretou novas e duras sanções contra o Irão e queimam-se os últimos cartuchos diplomáticos (como esta visita do MNE iraniano a Lisboa).
Deverá ser renhido, os israelitas preparam-se à anos para efectuar este ataque, e os iranianos para lhe resistir. Poderá ser um curto confronto, mas é mais provável que seja uma guerra de vulto, envolvendo também o Hamas e o Hezbollah e sabe-se lá quem mais. Não são de excluir ataques terroristas na Europa.
Ou seja, nós vamos ser afectados por esta guerra, quanto mais não seja pelo disparar do preço do petróleo.
Não é por acaso que a NATO lançou esta semana um apelo a que se constituam reservas para situações de emergência (aqui e aqui).
Está na hora de passar pelo supermercado e comprar enlatados, massas e outros alimentos duradouros. Ah, e atestar o carro. Just in case.
5 comentários:
Faz sentido, JQ, mas pode-se esperar que se engane.
Também espero estar enganado mas o processo está em andamento e parece-me difícil de travar. A fraqueza da administração Obama tem uma grande responsabilidade nisto. Espero que os militares turcos sejam responsáveis e não tardem a fazer o golpe de estado que devolva aquele país à normalidade.
Vamos lá a ver, se depois alguém por cá não se arma em esperto e manda pintar as Chaimites de cor de areia, para irem mostrar o trapo centenário numa duna qualquer.
quanto ao que diz dos militares turcos, seria uma excelente ideia, mas a raiz do problema está na falta de visão a longo prazo do senhor Attaturk. Aboliu o sultanato para quê? Num ápice, a Turquia abandonou a liderança do mundo muçulmano, a hierarquia religiosa tornou-se independente do poder político e agora, chegámos a este ponto. Por vaidade, ambição e desmedido orgulho. Isso paga-se caro.
Caro Nuno: ainda assim, o Ataturk conseguiu evitar o desclabro completo e da pilhagem das potências (imagine-se os bolcheviques a entrarem por ali dentro e a "fazerem" turismo no Mediterrâneo) e tirou a Turquia da obsolescência. Tudo somado, acho que o balanço foi positivo.
E as desculpas pela demora em responder. :)
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