terça-feira, 19 de outubro de 2010

Passos Coelho e o OE2011

Consta que certa vez, quando Salazar quis substituir um Ministro das Finanças, de todos os quadrantes lhe recomendaram uma pessoa. Essa pessoa reuniria, na opinião de todos, os atributos para ser o ministro que o país precisava, e toda a gente fazia questão de o recomendar. Salazar acabou por escolher outra pessoa para a pasta das Finanças, e quando lhe perguntaram o porquê de tão surpreendente decisão, respondeu: «É uma pessoa demasiado recomendada para ser recomendável».

É o que penso em relação ao tão recomendado apoio do PSD ao OE2011. Bons orçamentos, sobretudo na crise em que Portugal se encontra, implicam prejudicar interesses instalados. Ora, os interesses instalados e respectivos ventrílocos na praça pública já defendiam a aprovação ainda sem conhecer a proposta do PS. E do pouco que se sabia, já se concluía ser desastroso para a Economia. Metendo medo com um suposto Dia do Juízo Final caso não seja aprovado, e com o papão da chegada do FMI, defendem que seja dado mais um balão de oxigénio ao governo socialista, e que seja imposto ao Povo Português o prolongamento deste autêntico martírio.

Os problemas da Economia portuguesa (da Economia e não só) só terão solução depois de resolvido o problema político: correr com esta gentalha do poder. Depois disso, venha o FMI, a UE, o Império Klingorn se for necessário. Mas pelo menos aí teremos hipótese de ter no poder gente minimamente capaz de governar Portugal, o que está provado até à exaustão que é impossível de ter com a trupe socialista instalada.

O que de facto levanta dúvidas é a real intenção dos sectores do PSD que, na prática, defendem o prolongamento do governo PS. Tal como o Nuno Castelo-Branco assinala, o quererem evitar a entrada em acção do FMI, que sem dúvida iria passar as contas do Estado Português a pente fino, talvez se deva ao medo do que possa estar por descobrir.

Se assim é, ponham as barbas de molho - digo eu. Porque a vinda do FMI/UE é praticamente inevitável.

2 comentários:

Gi disse...

Que venha: o FMI ou qualquer instituição não dependente desta gentalha. Apertar o cinto é diferente se acreditarmos no que nos dizem, nos objectivos que nos apontam e nos caminhos que nos indicam.

Paulo Lisboa disse...

Concordo inteiramante com este artigo. Digo mais, se não temos juizo, venha alguém de fora meter-nos esse juízo na cabeça.