As Avenidas Novas, por serem uma zona onde há enorme dificuldade em se arranjar lugar de estacionamento e por ser normalmente frequentada por pessoas mais civilizadas e mais endinheiradas que a média nacional, são talvez o bairro mais flagelado pela obsessiva caça à multa levada a cabo pela EMEL. Estão sempre de plantão, nos seus balcões de multas montados em carrinhas Toyota Hiace, com alguns reboques amarelos (de uma empresa subcontratada) por perto, em prontidão, tal qual uma força de reacção rápida.
Nos últimos dias assisti ao seguinte.
1. O período de estacionamento pago e exclusivo a residentes é das 8 às 20h aos dias de semana, e em alguns locais (como na zona do Saldanha) entre as 8 e as 13h aos Sábados de manhã. Este Sábado, às 12h50, na Rua Actor Taborda, estava um EMEL escondido à entrada de um prédio de esquina, do lado de dentro da curva, a ver se ninguém dava por ele. Felizmente que sei com o que é que conto e dei logo por ele. Senão, ainda apanhava uma multa por estacionar num dos muitos lugares disponíveis, e que iria ficar "legal" daí a uma dezena de minutos.
2. Um condutor estacionou, como deve ser, num local devidamente autorizado. Ao desligar o motor, logo se aproximou uma "fiscal" da EMEL. «Não tenho moedas para o parquímetro mas vou ali ao café trocar dinheiro. Não demoro nada» - disse-lhe o condutor. Foi e veio a uma pastelaria a uns 30 metros e, de facto, não chegou a demorar um minuto; quando voltou, a "fiscal" da EMEL acabava de preencher o formulário da multa. Não adiantou nada protestar contra a sacanice. Tolerância zero, extorsão máxima.
3. Este terceiro incidente já não tive oportunidade de acompanhar desde o início, mas pelo que percebi, um condutor deixou o seu carro por poucos minutos parado na esquina de uma placa central, num cruzamento. Quando voltou já ali estava a Hiace da EMEL (estacionada da mesmíssima e ilegal forma), multa a ser passada, não um mas dois reboques parados por perto e um macaco metido debaixo do carro multado. A EMEL queria fazê-lo pagar não só a multa mas também a despesa de um dos reboques.
O condutor simplesmente chamou a Polícia, que logo apareceu. Eu sempre soube que a partir do momento em que o condutor está presente, o carro autoado não precisa de ser rebocado, uma vez que pode sair pelos seus próprios meios. Aparentemente, era isto que a Polícia dizia aos EMEL, advogando pelo condutor. Pelo contrário, o piquete da EMEL alegava um novo decreto que os autorizava a rebocar e a cobrar a despesa, a partir do momento em que o reboque chegasse ao local antes do condutor (o que neste caso não demorou muito, porque estão sempre a rondar).
O condutor, indignado, defendia-se que o reboque tinha chegado depois, no que era apoiado por outras pessoas presentes.
Por ter uma pessoa à minha espera, não fiquei a assistir até ao fim ao "espectáculo" em que acabaram por estar 5 veículos (o carro do condutor, a Hiace da EMEL, os dois reboques e o carro da PSP) ao mesmo tempo parados num cruzamento; mas só um é que foi punido por isso.
Mas o que mais chocou ao grupo de gente que assistiu foi a atitude de insolência e arrogância com que os funcionários da EMEL falavam com a própria Polícia, numa postura de superioridade hierárquica, tratando os agentes como uns amadores intrometidos que não sabiam o que diziam nem conheciam as leis. Num momento mais quente da discussão, chegaram mesmo ao ponto de dizer que o carro iria ser rebocado mesmo contra a vontade da Polícia e que o macaco já não sairia de debaixo do carro.
Concluindo: Lisboa está entregue às aves de rapina e a própria PSP está a ser desautorizada. Mas isto é nas Avenidas Novas. Eu gostaria era de ver os "corajosos" funcionários da EMEL fazerem o mesmo em Chelas ou noutro bairro menos comedido; será que por lá toda a gente estaciona legalmente?
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