segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Recomenda-se muita Rennie caso o McCain acabe por ganhar

Se o Mundo pudesse votar, Obama ganharia com larga vantagem. Tal como no passado, se o Mundo pudesse votar, o Al Gore tinha sido presidente, tal como John Kerry.

Fiquei a conhecer o site If the World Could Vote por via do Garden of Philodemus. A votação em Obama não surpreende, com toda a propaganda que lhe tem sido feita. Repare-se que Joe Biden tem sido mais ausente que Manuela Ferreira Leite (e ele está em campanha), mas isso não lhe é críticado. Mas isto do sufrágio planetário, ou melhor, de nós votarmos nas eleições dos outros, tem muito que se lhe diga.
Pergunto-me quantos destes países é que quereriam ser governados por um Obama? Bom no caso dos africanos, a resposta parece-me óbvia: em princípio, todos. Mas será que mais de 90% dos alemães, dos franceses ou dos finlandeses desejariam para si o que desejam para a América? Duvido. E creio bem que isso se venha a confirmar na moda, que se adivinha, dos candidatos negros inspirados em Obama.

Obama não me convence nem um pouco. Nem nunca poderia: é demasiado Guterres para meu gosto. É um excelente orador, sem dúvida, com clara inspiração em Martin Luther King mas menos radical, e um toque de classe estilo Morgan Freeman. Mas sem conteúdo. O pouco que tinha (nomeadamente a retirada imedidata das tropas do Médio Oriente) já tratou de o renegar (a chamada Bushização de Obama, como alguma imprensa referiu). O resto é tom de pele, lugares comuns do centro-muito pouco de esquerda que na América faz as vezes de esquerda, e o facto de não ter de responder pelo mandato de Bush. Muito «Hope», «Change»; muita parra e pouca uva. Infelizmente isto parece bastar para muita gente, especialmente fora dos EUA. Felizmente que quem vai ser chamado a decidir serão só os americanos.

Cá em Portugal é que poderíamos sair beneficiados. É que se o Mundo fosse a escolher-nos o próximo Primeiro-Ministro, ainda nos calhava o José Mourinho...

4 comentários:

Gi disse...

JQ, é curioso que o McCain, que tem frases muito mais entusiasmantes do que o Obama ("We never quit", "We don't hide from history, we make history") não consiga respostas tão boas à sua oratória.

Obama é de facto esteticamente muito mais agradável; as suas propostas é que são muito pouco concretas, e algumas um tanto inquietantes.

O que me incomoda em McCain é Sarah Palin. Biden tem as suas gaffes, mas a escolha de Palin é uma ofensa imperdoável de McCain às mulheres.

Joao Quaresma disse...

Creio que Sarah Palin foi uma réplica da Hillary Clinton que os Republicanos arranjaram calculando que ex-primeira dama fosse a vice de Obama. Acabou por ser lançada na corrida e é o que se vê.

Mesmo assim (e eu também não vou com a cara dela) é um trunfo eleitoral forte: é que os Democratas podem ter garantido o voto dos negros mas os Republicanos têm uma mulher o que lhes vale boa hipótese em 50% do eleitorado.

Tudo isto é bastante interessante de seguir de fora, porque a política americana é muito mais seguida como exemplo no resto do mundo do que se pensa: é de prever uma maré de Obamas e de Palins deste lado do Atlântico.

Nuno Castelo-Branco disse...

O João deve concordar que os debates a que temos assistidos são de uma pobreza franciscana. como é possível aquela gente ter o poder do botão nuclear?!
A Palin é gira e não passa disso. Sinceramente, estou-me nas "inks" para o resultado, porque o que verdadeiramente inyteressa é a administração permanente que NÃO é eleita. E as ramificações fácyicas, claro!

Joao Quaresma disse...

«(...) o que verdadeiramente interessa é a administração permanente que NÃO é eleita.»

Exacto, mas ainda assim as eleições são consequentes, caso contrário não havia gente a financiar os Obama com centenas de milhões de dólares (em dizem eles que estão em crise).

A pobreza dos debates (e do discurso eleitoral no geral) é proporcional ao eleitorado a que se destina. Mas deste lado do Atlântico não temos grandes razões para sobranceria em relação ao povo americano, ao contrário do preconceito instalado.