sexta-feira, 27 de março de 2009

Faça você mesmo

E que tal ter um carro dos anos 60 mas inteiramente novo, zero quilómetros, fabricado em 2008 apesar de já não se fazer há quase 40 anos? Isto não faz muito sentido, pois não? Mas é possível.

A história começou há dois anos quando um inglês, mecânico amador e aficionado de Jaguares, se dirigiu ao seu fornecedor de peças habitual. Este tinha adquirido um carregamento de peças originais de Jaguar E-type que alguém tinha comprado directamente ao fabricante em 1974, quando a produção foi encerrada e as peças se tornaram excedentárias, carregando um camião com elas. Nesse lote de peças, rigorosamente novas e originais, estava 95% do que era necessário para montar um Jaguar E-type, incluindo uma carroçaria da versão Roadster, os interiores completos, a caixa de velocidades e o motor V12 de 5300 cc.

A ideia surgiu logo na mente de Ray Parrot: montar um Jaguar E-type novo em folha. As peças que faltavam (nomeadamente o pára-brisas) poderiam ser facilmente adquiridas em segunda mão, em bom estado. Parrot contactou a Driver and Vehicle Licensing Agency (equivalente à nossa Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária), que lhe garantiu que poderia emitir-lhe um número de chassis e uma matrícula de forma a legalizar o veículo. A carroçaria precisou de alguns retoques que foram feitos fora, mas a montagem foi toda feita na garagem de Ray, ao longo de oito meses. No final do ano passado, o carro ficou pronto (fotos da sessão fotográfica para a revista Octane):

É claro que isto só é possível em países onde as autoridades prezam a liberdade individual, e onde existe respeito pela iniciativa e pela cultura automobilística, coisas que são apanágio dos países anglo-saxónicos. A forma como as autoridades rodoviárias se prontificaram a permitir a circulação deste automóvel diz muito do civismo do Reino Unido, que se recusa a adoptar normas da União Europeia que sejam nocivas à cultura e liberdade automobilística; existem, por exemplo, automóveis que, na Europa, só podem circular em terras de Sua Majestade.

Escusado será dizer que, em Portugal, seria totalmente impossível fazer isto: provavelmente tinha de se montar uma empresa com alvará para montagem de veículos automóveis, pedir a homologação com leis actuais, e muita sorte se não fosse pedido um crash-test.

Mas esta história deixa-me com vontade de mudar-me para Inglaterra e procurar carregamentos de excedentes de produção de Lotus Esprit, de Citroën DS ou - porque não - de MG B?

3 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

GRANDES CARRÕES 100% my face!


O desafio 5ª frase já lá está!

Joao Quaresma disse...

Seja bem vinda, MAD!

Paulo Lisboa disse...

Eu gostava era de ter um Bentley ou um Aston Martin, mas dos antigos...