terça-feira, 29 de novembro de 2011

Abandonado em Génova


Foi construído na Alemanha há 40 anos, chama-se 'MS Pacific' mas já se chamou 'Pacific Princess', e ficou famoso em todo o Mundo como o «Barco do Amor». Está arrestado no porto de Génova há uns anos por dívidas a um estaleiro italiano onde efectuou reparações. Foi a leilão em Fevereiro mas não houve interessados. Aparentemente, manutenção deficiente por parte da companhia brasileira que ainda é o seu actual proprietário ditou o seu mau estado actual, nomeadamente no aparelho motor. Precisa de reparações e para os padrões actuais é pequeno e comercialmente pouco interessante, além de antigo.

Mas ninguém esquece que ainda é o «Barco do Amor» e só isso poderá impedir o antigo 'Pacific Princess' de um final triste num qualquer sucateiro. A indústria dos cruzeiros deve imenso a este belo e clássico navio, que popularizou os cruzeiros acessíveis ao cidadão comum. Era uma indústria moribunda no final dos anos setenta, quando os destinos preferidos eram as praias e os grandes resorts ao estilo mediterrânico ou da Florida. A série de TV relançou por completo a indústria, com os seus cruzeiros semanais entre San Diego e Puerto Vallarta a serem vistos nos ecrans de todo o Mundo. Paquetes que parecia terem chegado ao fim da sua carreira, como o 'Queen Elizabeth 2', o 'Canberra', o 'Norway' (antigo 'France') e até o nosso magnífico 'Infante Dom Henrique' tiveram novo fôlego e navegaram por mais uns bons anos.

Ainda hoje, poderá contar com um mercado potencial vasto entre os espectadores de famosa série. Até porque acaba por ser o símbolo de uma época que deixa saudades. Longe de querer atingir patamares de intelectualidade, «O Barco do Amor» era uma daquelas séries acessíveis a várias gerações e tipos de audiência, e foi um sucesso mundial, com boa disposição e sem grande conflitualidade entre os personagens, sem derramamento de sangue, sexo nem palavrões. Uma receita que as produtoras actuais não querem ou não são capazes de retomar.

Espero que, já que o tempo não volta para trás, ao menos o navio se salve.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Olhe, os nossos grandes empresários podiam comprá-lo, criar uma nova Companhia Nacional de Navegação, reconvertê-lo em "classic" e começar a encher o nosso porto com navios desses. Já que nem sequer se ralam em construir cargueiros na Lisnave, pelo menos isto...
Com um bocadinho de azar, até poderão ter o (en)Cavaco, o agora novo Navegador, a inaugurar a coisa!

Joao Quaresma disse...

Sim, o Cavaco só ainda não se mascarou de Infante Dom Henrique, de tanto falar no sector marítimo depois de ter sido um dos principais destruidores.

Quanto ao navio ser comprado por portugueses, não é ideia que não tenha já sido avançada.. Aguardemos.

A Lisnave (que hoje continua em Setúbal) já não constrói mas repara e, ao que consta, está bem e recomenda-se apesar da crise.

Um abraço!