Agosto é a melhor altura do ano para se estar em Lisboa. Tudo a menos de meio gás: trânsito, estacionamento, trabalho (não se pode fazer nada porque nada funciona em Agosto; saí-se mais cêdo, a tempo de passar um bom bocado na praia), nada de confusões em restaurantes e estabelecimentos de diversão nocturna (que assim se podem aproveitar até durante a semana, sem roubar demasiado ao sôno).
Mas tem um grande senão: com a cidade semi-deserta, em especial ao fim de semana, com pouca gente nas ruas e polícias no aconchego do ar condicionado (justificam-se que é assim que o Governo quer, para poupar no subsídio de turno), os bárbaros aproveitam para descer ao centro da cidade. Carros com vidros partidos, assaltados de fresco (as principais vítimas são os Hyundai Getz, o típico carro de aluguer), duplas de ladrões a fazerem o rastreio aos carros, cada um de um lado da rua, tentando descobrir algo de valor esquecido no seu interior (malas, câmaras, telemóveis, GPS), pseudo-distribuidores de publicidade, fazendo o reconhecimento para futuros assaltos a casas, entre outra gente simpática. Mas às vezes tornam-se mais ambiciosos.
Na semana passada posso dizer que impedi eu mesmo o assalto a uma loja chinesa. Quatro gandulos entraram com intenções óbvias de roubar, neste caso jóias de imitação. Não sendo eu um Schwarzenegger nem tendo frequentado Shaolin, consegui sem dizer uma palavra e simplesmente observando-os e deixando claro que os tinha topado, dissuadi-los de roubarem. Risco calculado: é óbvio que não tinha hipótese contra quatro, mas o bluff funcionou. Saíram, não sem antes arranjarem coragem de ameaçarem o chinês dono do estabecimento. Os três empregados brasileiros fingiram que não viam nada. Curiosamente, a cem metros dali, está um polícia 24/24 à porta do Ministério da Educação (uma medida de segurança curiosa, que não tem equivalente nos edifícios da Defesa ou do Gabinete de Segurança Interna, por exemplo). E a EMEL, essa, anda sempre a rondar.
Foi pouco sensato da minha parte, eu sei. E o chinês não foi capaz de algo sequer parecido com um agradecimento. Mas chega a uma altura em que é preciso colocar um travão, senão os criminosos ou candidatos a criminosos tornam-se mais ambiciosos.
Não foi em Odivelas, na Amadora ou num qualquer bairro problemático. Foi na Avenida Elias Garcia, no centro de Lisboa, às 17H45 de Segunda-feira. Aqui mesmo, há meses atrás, a casa de um conhecido meu foi assaltada em pleno dia de semana, com os familiares lá dentro. É a nova moda do homejacking...
Entretanto houve o famoso assalto ao BES e hoje, o balcão do Banco Popular na Av. Visconde Valmor foi assaltado, com o ladrão a escapar-se calmamente. Lisboa anda perigosa e as autoridades continuam como se nada fosse.
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