Na mesma onda do Cap Créus, sobre o incêndio do Chiado.
Que saudades de circular por aqueles espaços dos Grandes Armazéns do Chiado, de andar nas escadas rolantes do Grandella, de andar num elegante elevador que existia num deles (não me lembro qual) decorado a talha e com bancos estofados a couro (sim, bancos!), com um empregado que fazia de "chauffeur" do elevador (lembro-me que o elevador era comandado não com botões, mas com uma alavanca que fazia subir ou descer, daí que o elevador fosse conduzido). Achava aquilo o máximo. Do ferro forjado, do estilo belle-époque, e de lanchar no último piso, onde se ficava ao mesmo nível das águas furtadas dos prédios da Rua do Carmo. Numa das janelas havia um papagaio. Que saudades de pedinchar à minha mãe mais uns acrescentos à minha pista de automóveis.
Aquele Chiado, o verdadeiro Chiado, acabou naquele dia. O que era o grande centro comercial de Lisboa até aparecerem as Amoreiras, o sítio onde primava o bom gosto e onde havia comércio em grande quantidade sem ser massificado, agora é mais um centro comercial vulgar. Em vez do ferro forjado e da arquitectura belle-époque, tem o branquismo parolo do rectilíneo Sr. Siza. Em vez dos produtos variados e para todas as carteiras, temos roupa asiática, toda no mesmo estilo, vendida em várias lojas de várias marcas supostamente de prestígio por preços que só se aproximam da justeza em tempo de saldos. Em vez dos croissants com doce de ovos e leite Vigor, temos os McDonalds (ah.. o progresso!) e outra comida industrial. Em vez de lugar de encontro de distintas senhoras para tomarem chá, temos os engates nas casas de banho pelas orientações alternativas.
Valha-nos a FNAC é a única coisa de jeito que lá apareceu.
Saudades. Do Chiado, e de como o país já foi.
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