Então, o território detinha uma rede infra-estrutural portuária e aeroportuária sem paralelo na África sub-saariana, com excepção de Angola (também portuguesa) e da África do Sul. Era o tempo - mal se previa a entrega do "Estado português de Moçambique" aos mil guerrilheiros de Machel - em que a economia moçambicana crescia 16% ao ano, em que não havia fome, a rede escolar e sanitária cobria a quase totalidade do território, Moçambique detinha a menor taxa de mortalidade infantil da região, a electrificação das zonas rurais caminhava a passos de gigante, os hospitais provinciais rivalizavam com qualquer hospital de Lisboa e a agricultura de subsistência sofria a metamorfose deciciva que a levava para os umbrais da agro-indústria vocacionada para a exportação. Há que lembrar estas coisas, sobretudo porque, para as novas geração intoxicadas de mentiras, a imagem de um Moçambique colonial entregue a capatazes das companhias majestátivas continua a fazer escola.
Miguel Castelo-Branco, no Combustões
Muitos exemplos haveria para citar sobre como Moçambique estava em 1973.
Por esta altura, um amigo meu trabalhava na Multiplásticos, uma empresa moçambicana que era tão somente o maior fabricante de plásticos de todo o continente africano. Entre muita outra coisa, fabricavam as "banheiras" (carroçarias em fibra de vidro) de buggies, de quem eram um dos grandes fabricantes mundiais, a esmagadora maioria para exportação. Os buggies Multiplásticos eram facilmente reconhecíveis por usarem os grupos ópticos traseiros do Peugeot 504.
Ao contrário do que é ideia corrente, Moçambique sempre foi a colónia mais próspera até 1970, ano em que foi ultrapassado por Angola. Nessa altura, tanto o PIB de Angola como o de Moçambique equivaliam a 2/3 do da Metrópole. E Moçambique não tinha petróleo, nem ouro, nem diamantes.
O Combustões também me deu a conhecer um dos blogues mais interessantes que já vi nos últimos tempos. Voando em Moçambique
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