Lourenço Marques, princípios de 1976. Numa esplanada, um amigo meu escutava a conversa, em Francês, entre um militante da Frelimo e dois conselheiros técnicos búlgaros enviados para Moçambique em nome da solidariedade comunista para tentar colmatar a falta que faziam todos aqueles que tinham partido no momento da Independência. Esta havia acontecido apenas uns meses antes, mas já quase nada funcionava, nem Economia nem serviços públicos. A fome era generalizada. A melhor refeição que o dinheiro podia comprar era peixe frito com arroz, e ainda se arranjava cerveja.
Mas era o suficiente para os búlgaros estarem "nas suas sete quintas"; comentavam a beleza da cidade, das praias, o clima e o estado de evolução do país. Um deles diz para o membro da Frelimo: «Vocês têm aqui um país formidável!»
Responde o comunista moçambicano: «Haviam de ver isto no tempo dos Portugueses...»
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Ou diria antes: «A descolonização exemplar». A referida descolonização das ex-províncias ultramarinas portuguesas teve como único fim a transferência desses teritórios para a esfera de influência soviética, tudo o resto era para esquecer, nomeadamente o desenvolvimentos e os legítimos anseios das populações.
Por isso mesmo, ainda hoje, e passadas mais de três décadas das independências africanas, os portugueses gozem de um enorme prestígio e de um gigantesco sentimento de saudade junto dos actuais «PALOP».
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