sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Guarda Real Norueguesa

Impecável!

PT a vender a outra galinha dos ovos de ouro

PT chega a acordo para vender a UOL por 155 milhões de euros

Portugal Telecom vende a Universo Online a João Alves de Queiroz Filho. O UOL é o maior portal de Internet da América Latina e foi vendido por cerca de 155 milhões de euros, um valor que supera as estimativas dos analistas. (...)

O acordo foi firmado por um valor que ronda os 350 milhões de reais, o que corresponde a cerca de 155 milhões de euros, e inclui as acções ordinárias e preferenciais que a PT detém na UOL (mais de 28% do capital). A média das avaliações da posição da PT na UOL com base em quatro casas de investimento é de cerca de 110 milhões de euros, um valor que está mais de 40%.

A UOL rende agora 155 M€, e para o ano já não renderá mais. A PT vendeu as suas duas galinhas dos ovos de ouro no Brasil e distribuiu o produto pelos accionistas e administração. Resta saber de que mais vai a PT desfazer-se. Qual será então o objectivo final desta liquidação da PT, que a reduziu a uma empresa de dimensão estrictamente portuguesa, a menos que o negócio da OI vá para a frente (o que parece ser um cenário cada vez mais improvável)?

Será tornar a PT vulnerável a um take-over por parte da espanhola Telefónica, que para o ano contará com 100% dos lucros da Vivo?

Wikiblackout

Já alguém reparou que, nas últimas duas semanas, a imprensa nacional e internacional passou as notícias sobre as Wikileaks para segundo, terceiro ou nenhum plano?

Electrocutados no bolso

"Parte crucial da estratégia do Governo para a área da energia consistia em colocar duas empresas, a EDP e a Galp, a competir na produção e comercialização de energia. Foram concedidas oito licenças para a construção de grupos de produção a ciclo-combinado, duas à EDP, duas à Endesa, duas à Galp e duas à Iberdrola. Na altura o Governo assegurou que estavam criadas as condições para a concorrência no sector e que esses grupos iriam contribuir "para a descida do preço da energia em Portugal". Sucede que, como não existe uma verdadeira estratégia integrada e coerente para a energia, ninguém reparou que, com o crescimento previsto para a energia renovável, tais centrais não eram necessárias. A EDP, graças ao seu mais profundo conhecimento do sector, avançou rapidamente e em força, construiu os seus dois grupos. A Endesa avançou. Os outros hesitaram e não avançaram. Lá se foi a estratégia de colocar a Galp a concorrer com a EDP. Mas o mais hilariante, não fosse termos de pagar a conta, foi o queixume de que, em face de toda a nova produção renovável, os dois novos grupos não eram rentáveis. Era o que faltava, pensaram logo os nossos governantes, que uma das empresas do regime pudesse ter perdas como se de uma vulgar empresa industrial se tratasse. Vai daí, criou-se o mecanismo de "Garantia de Potência", destinado a promover a construção de novos centros produtores térmicos (dá-se um subsídio para ver se os grupos que ficaram no papel são construídos, mesmo sem serem necessários). E para cúmulo, o sistema aplica-se retroactivamente de forma a que até a central do Ribatejo (que já tem uns cinco anos) seja abrangida. Ou seja, como temos excesso de renovável os consumidores pagam agora para ver as térmicas paradas, garantindo a rendibilidade dos produtores. Brilhante."

Via Ecotretas

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Coisas que passaram despercebidas em 2010 - 2

Francisco Ribeiro, dos Madredeus (entre outros grupos), faleceu em Setembro, e parece esquecido pelas inúmeras revistas do ano que os média fazem nesta altura. Um grande valor da música portuguesa que se perdeu.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mau demais para ser verdade... Mas é verdade!


Desde que o lobby dos arquitectos tomou conta da Câmara de Lisboa que a cidade está passar pelo que é, literalmente e sem exagero, a sua maior destruição desde o terramoto de 1755. Não trata apenas de destruir edifícios por vezes belíssimos e valiosos, mas de os substituir pelo lixo arquitectónico como este. Por exemplo, encontrar uma moradia no centro de Lisboa já é difícil, apesar de terem sido um edifício comum em algumas das avenidas. Na Avenida Fontes Pereira de Melo, desde o Verão que já só resta uma, a que serve de sede ao Metropolitano de Lisboa. As outras já só existem em fotografia em na memória dos lisboetas.
A cidade antiga numa zonas, moderna noutras, mas sempre elegante, está a ser destruída pela manada de arquitectos parolos e de patos bravos que já não têm mais onde destruir no Algarve.

Coisas que passaram despercebidas em 2010 - 1


"É dia 24/11/2010, são 11 horas. Começa um leilão de obras de arte em Londres. Entre elas encontra-se um elmo de D. Sebastião. A grave crise mundial fez muitos venderem objectos herdados que nem sabiam bem o que eram. Os leiloeiros estão tão atarefados, que nem tempo têm de estudar devidamente o que lhes passa pelas mãos. Assim surgiu, no mercado internacional, este elmo rapinado pelo Duque de Alba em Lisboa, em 1580. Espero que passe despercebido! Em tempos já consegui adquirir e trazer de volta a Portugal uma boa parte de uma das armaduras de D. Sebastião. Tinha sido classificada como sendo do Duque Emanuel Filiberto de Sabóia (casado com a Infanta D. Beatriz de Portugal), o que aliás está correcto. Não tinham, porém, visto o quadro no Museu das Janelas Verdes que mostra D. Sebastião utilizando esta armadura que lhe foi oferecida pelo Duque de Sabóia, seu primo, que, com mais 26 anos de idade, já não cabia nela e ofereceu-a a D. Sebastião.

Mantive-me calado! Não disse a ninguém que o elmo de D. Sebastião iria a leilão em Londres. Também dizer para quê? As nossas “Entidades Oficiais” não iriam mexer um dedo para o recuperar! Apenas acabaria por alertar os museus estrangeiros e os leiloeiros. Estes sabem muito bem que uma peça de armadura atribuível a um Duque importante vale, pelo menos, 10 vezes mais do que a mesma sem essa atribuição. Quando a peça é indiscutivelmente atribuída a um monarca, o valor é 20 vezes superior. Mas quando se trata de D. Sebastião, a peça tem simplesmente de regressar a Portugal. Haja manhã de nevoeiro ou não. Estando o Desejado nele ou não!

Se alguém descobrir, vai ser uma desgraça financeira para mim. Encontro-me praticamente sem vintém. Mas, o elmo tem de voltar! A minha conta bancária está vazia. De pouco me ajudaria vender o meu carro. Tem 25 anos e ainda me presta bons serviços. De qualquer maneira, o elmo vai custar o equivalente a muitos carros. Não sei o que fazer. Com lógica não chego lá. Tenho de me deixar guiar pelo subconsciente, e este diz-me: “O ELMO DE D. SEBASTIÃO TEM DE REGRESSAR A PORTUGAL!”Não fui a Londres, uma vez que a minha presença neste leilão faria algumas pessoas pensarem e eventualmente acordarem.Pedi para a leiloeira me telefonar.

Em Londres já estão a vender as primeiras peças no leilão. Tenho o catálogo sobre os joelhos, sentado ao lado do telefone. Da nossa televisão só oiço os berros de mais uma greve geral, totalmente inútil, onde políticos e sindicalistas fazem o seu circo perante as câmaras dos média, vermes do sistema. Se houvesse entre eles alguém que realmente estivesse empenhado no bem de Portugal, essa pessoa estaria a esta hora em Londres a fim de trazer o elmo de D. Sebastião de volta. É preciso defender a identidade lusa e esta mantém-se quando se ama Portugal e a sua história, e não com malabarismos vocais e movimentos de massas arrancadas do trabalho.

Se eu tiver a sorte de, nem o Musée de l’Armée de Paris, nem a Armeria Real de Turim, nem o museu de Filadélfia – visto todos eles possuírem alguns elementos desta armadura, desejando certamente completá-la –, se darem conta de que este elmo lhes faz muita falta, ainda assim é necessário ultrapassar os comerciantes, sempre à procura de lucro fácil. Aí, tenho a “sorte” do elmo ter um pequeno furo (menor do que uma moeda de 1 cêntimo), o suficiente para muitos não o quererem. Este buraquinho não altera em nada a importância histórica da peça, mas apenas o seu momentâneo valor comercial, enquanto não se tiverem dado conta de que se trata de um elmo de um duque, oferecido a um rei. AO NOSSO REI!

Tenho os nervos à flor da pele. O telefone vai tocar dentro de instantes. O que é que vou ter que dar em troca para poder pagar esta factura choruda? Não sei! Depois se verá. O ELMO TEM DE VOLTAR !Não vai haver férias nem presentes de Natal, e mesmo estes cortes não vão ser suficientes. Mas O ELMO TEM DE VOLTAR!

O telefone toca. O elmo vai à praça! Dou uma ordem: “COMPRE!”.
O martelo do leiloeiro bateu!
O ELMO DE D. SEBASTIÃO VAI VOLTAR A PORTUGAL."

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Boas Festas!

A todos os leitores deste blogue, os meus votos de um Feliz Natal e de um Bom Ano Novo!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O caldo entornado

O guerra fria entre as duas Coreias está a atingir o seu momento mais quente desde o fim das hostilidades em 1953. O ataque da Coreia do Norte contra uma ilha da Coreia do Sul fez perder a paciência de toda a gente com o regime comunista de Pyong Yang, e no dias seguintes provocou a mobilização da maior concentração de navios de guerra (55, da Coreia do Sul, EUA e Japão) desde a invasão do Iraque em 2003. A retaliação parece estar a caminho. O Japão está a tratar de mudar a sua Constituição para permitir que as suas forças possam intervir e atacar fora do seu território, agindo em defesa deste. As manobras actualmente em curso são uma demonstração de força e uma forma de punir a China pelo comportamento do seu protegido norte-coreano.

Mas mais significativo é o reforço do dispositivo aéreo e naval americano com uma segunda esquadra de porta-aviões, centrada no USS Carl Vinson, e que inclui o cruzador USS Bunker Hill, este último recentemente modernizado e talvez o navio de superfície mais poderoso do mundo na actualidade. Também o número de submarinos nucleares de ataque da US Navy que saíram para o mar em missão aumentou bastante nas últimas semanas.

No início da missão no Pacífico Ocidental, o vice-almirante Myers, comandante do Carl Vinson Carrier Strike Group dirigiu-se às tripulações dizendo:

"For the folks who are on their first deployment, they're going to write history. Vinson is going to be in the news."

Proteccionismo só é pecado para os outros

A Ingenium é um fabricante francês de sistemas da pagamento por multibanco, que recentemente foi alvo de uma oferta de compra por parte de americanos. Mas a compra foi bloqueada pelo Governo Francês, através da empresa Safran (onde tem golden share) e que detém 22% do capital da Ingenium. O ministro francês da indústria declarou esta empresa como sendo de interesse estratégico para o sector electrónico francês, e que não pode ser detida por capitais estrangeiros.

Resta saber se pátria de Colbert também declarou o filme português Mistérios de Lisboa, realizado pelo chileno Raul Ruíz, como estratégico para ser premiado como o melhor filme francês do ano.

Comboio de normal velocidade

Dadas as condições meteorológicas, a SNCF (a companhia de comboios francesa) decidiu,, desde hoje e nos próximos dias, limitar a velocidade máxima dos TGV a 120 Km/h, em vez dos habituais 300, por razões de segurança. A SNCF explica que no cruzamento de dois TGV circulando a 300, a velocidade relativa é de 600 Km/h (uma das razões por que nas linhas de alta velocidade não podem circular outros comboios que não os TGV) e nesta situação, caso se soltassem pedaços de gêlo de uma das composições o impacto destes poderia graves danos no equipamento e até colocar em risco os passageiros.

Mas já o preço dos bilhetes mantêm-se, apesar da duração da viagem quase triplicar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

En garde!

A frequência com que na vida pública, e na política em particular, as discussões ou o simples comentário descambam na ofensa pessoal, levam-me por vezes a pensar se não seria mais saudável voltar a instituir os duelos, tal qual existiam dantes. Em suma: cada um ter o direito de defender a sua honra de forma mais contundente e dissuasora do que por simples meios indolores.

Pode-se argumentar que, para último recurso na defesa do bom nome, existem tribunais e que seria um retrocesso civilizacional o de resolver os diferendos pela força e tendo como penalização máxima a perda de uma vida. Sim, sem dúvida que seria.

Mas, por outro lado, as alternativas existentes pecam por eficácia. Se todos se dessem ao trabalho de mover processos por ofensas à sua honra, os tribunais entrariam em colapso e também não é certo que seja feita justiça. Persistindo a impunidade, persiste o hábito da ofensa e do confronto de ideias agressivo, dando péssimos exemplos à sociedade e tornando-a mais violenta.

Pergunto-me se não seria preferível as pessoas, com a consciência de que poderão sentir no peito o aço de uma espada ou o chumbo de uma bala, verem-se obrigadas a pesarem as suas palavras na hora de fazerem acusações ou usarem qualificativos em relação a outros, com quem os motivos de conflito por vezes não passam de interesses comesinhos, de ridículas rivalidades políticas, culturais ou mesmo desportivas, ou simplesmente de inveja e mediocridade. Não seriam os duelos uma forma de fomentar uma sociedade mais pacífica, respeitadora e (irónicamente), mais civilizada?

Uso como exemplo este caso, revelado pelo Wikileaks, do conselheiro diplomático de Sócrates, que terá dito que Ana Gomes era «pior que um Rottweiler». Escusado será dizer quão imprópria e ofensiva é esta comparação. Pergunto: será que este senhor falaria nos mesmos termos se soubesse que poderia arriscar-se a ter que travar um duelo com um rottweiler?

Blake Edwards

Grande, grande realizador e argumentista que nos deixou. Apesar de recordado sobretudo pelas comédias da Pantera Côr-de-rosa, foi o autor de filmes memoráveis como Breakfast at Tiffany's, 10, e - na minha opinião, o seu melhor - Victor Victoria.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As Frenéticas - Somos as Frenéticas

No tempo em que os artistas não eram pretensiosos...

O Lula e o polvo


A venda de posição da PT na Vivo - talvez a maior burrice da História empresarial portuguesa - foi feita sem demoras, ao sabor dos interesses espanhóis e dos accionistas portugueses colocados em apuros pela burla Maddof e desejosos de obter dinheiro rápidamente, mesmo que isso significasse vender a galinha dos ovos de ouro. Já a entrada da PT na Oi, corre com muito menos pressa, apontando a PT para a sua conclusão em Março de 2011. Recupero um artigo do blogue brasileiro Vespeiro publicado em Maio (que tomo a liberdade de transcrever na íntegra), que dá a perspectiva do outro lado do Atlântico sobre este negócio:


A negociação entre a Oi e a Portugal Telecom entrou nos finalmentes em maio passado, quando José Sócrates, o Lula de Portugal, se encontrou, aqui na terrinha, com Lula, o José Sócrates do Brasil. Ali foram acertados os contornos gerais da jogada cujo desenlace foi anunciado ontem.
Esses contornos estão resumidos muito precisa e suscintamente nas declarações do encarregado da negociação pela parte brasileira, o vice-presidente da Lafonte, Pedro Jereissati, a Graziella Valente, Heloisa Magalhães e Vera Saavedra Durão no Valor de quinta-feira. Ele explicou que as negociações “partiram de premissas básicas”: uma, que “não haveria mudança de controle de forma nenhuma”; outra, “que qualquer movimento que viessemos a fazer deveria respeitar uma simetria: eles adquirindo uma parte da Oi e nós da PT. Só depois veio a discussão do preço” … que é uma consequência de menor importância dessas premissas.
Esta é, em poucas palavras, a pauta que ele recebeu de Lula.

As tres repórteres intuem muito bem a natureza dessa operação, aliás, quando constatam que “A compra da fatia da Portugal Telecom na Vivo pela Telefônica foi feita sem complexidade na estrutura societária mas muita dificuldade na negociação. Foram quase tres meses de negociações publicas e troca de ameaças entre os sócios. Ja a complexa estrutura para a entrada dos portugueses na Oi foi costurada em poucos dias, embora o contato entre os grupos já seja muito antigo”.

É que esta é uma operação essencialmente política enquanto aquela era uma operação de negócios (que acabou sendo protelada por uma interferência política). Lá a essência da coisa era definir o valor presente e o valor futuro de um asset estratégico numa grande operação de negócios. Aqui, trata-se, antes de mais nada, de armar o Estado brasileiro, hoje propriedade privada do PT, com a formidável arma de um sistema completo e verticalizado de telecomunicações, com projeção nacional e internacional, que lhe dará poderes incontestaveis sobre uma parte do verdadeiro esqueleto em cima do qual se estruturam e se apoiam toda a economia e, para ser direto e resumido, todas as atividades humanas hoje em dia. E de dar a essa jogada política uma cara de negócio.

Aos arquitetos políticos da operação, cabe definir quem mandará em quem dentro dessa ferramenta de projeção de poder. Os detalhes envolvendo acionistas majoritários e minoritários ficam para os “capitalistas de relacionamentos” que, tanto do lado português quanto do lado brasileiro, põem a cara à frente do que realmente interessa aos arquitetos politicos da operação. Cabe-lhes dar uma tradução societária aos parâmetros políticos que, por cima deles e dos seus acionistas, os arquitetos lá de cima definem como querem e quando querem.

O modo como a Oi foi constituída no Brasil, mediante um decreto que transformou em pó a essência da Lei Geral de Telecomunicações que regia o setor, dá a exata medida do valor que Lula atribui a essa dimensão do problema. A lei; as regras estabelecidas do jogo estão aí para serem mudadas na medida exata do seu interesse político. Do lado português não é muito diferente, como provou o uso das 500 golden share em poder de José Sócrates para anular a vontade expressa de 76% dos detentores de centenas de milhões de ações da PT que aceitaram a oferta da Telefônica.

O quanto Lula e José Sócrates se assemelham naquilo que esperam da “sua” telefonica e nos métodos que empregam para conseguí-lo você poderá conferir voltando à série sobre O Jogo Mundial do Poder, publicada aqui no Vespeiro ha dois meses(http://fernaslm.wordpress.com/wp-admin/post.php?post=2753&action=edit).

No seu já clássico estilo “gerson”, Lula disse, portanto, mais uma verdade no meio da mentira quando explicou que da equação financeira não entendia nada e por isso não ia se meter, e que a unica coisa que lhe interessava é que a empresa seja comandada pelo Brasil (ele). De fato, o esquema acionário que os jornais tentaram explicar ontem ninguem entende, nem mesmo, aparentemente, os próprios envolvidos na negociação. Mas isso arruma-se. Afinal, o BNDES, o Tesouro Nacional e os fundos de pensão das estatais estão aí para obturar as cáries que possam, eventualmente, vir a macular o sorriso de felicidade geral dos envolvidos quando chegar a hora de tirar a foto do aperto de mãos final desta transação.

Mas, que não haja engano. Essa felicidade vai se limitar aos participantes da tramóia. Para os usuários de telefonia, ela só torna mais próximo o momento em que estaremos todos entregues a um monopólio, coisa que, sabidamente, não faz bem nem para os consumidores, nem para a democracia.

Com a operação Lula/Sócrates, ficam em campo, no Brasil, apenas tres teles de peso: a espanhola Telefônica, a mexicana América Movil (Claro/Net) e a agora luso-brasileira Oi. Mas o governo é sócio de apenas uma delas…

TIM (da Telecom Itália) e GVT (da francesa Vivendi) entram na fila como bolas da vez para o próximo movimento de consolidação que não promete muito suspense, uma vez que a Telefônica já é socia da Telecom Itália na Europa o que torna a compra da Vivo ilegal pelas regras da Anatel, que não admite um player associado a dois operadores diferentes de telefonia móvel no país…

Já a entrada da Portugal Telecom na Oi resolve vários problemas. A criação da “tele brasileira” agora lusitanizada tambem foi uma operação política, feita naquela base do “depois vê-se”. O pretexto nacionalista alegado não ficou em pé nem um ano. Arranjaram-se os “empresários” que nunca tinham lidado com o assunto antes; arranjou-se o dinheiro na fonte de sempre (o nosso bolso); arranjou-se a regulamentação, na medida exigida pelo projeto político a ser desenvolvido. Mesmo assim, ficou um enorme buraco de R$ 26 bilhões em dívidas que virtualmente inviabilizava as possibilidades de desenvolvimento da Oi já tremendamente dificultadas pela completa ausência de know how dentro da companhia montada às pressas. Agora, acrescenta-se a esse arranjo dinheiro novo para reduzir essa dívida, know how para desenvolver telecomunicações, bases já plantadas na África lusófona e mais o Marrocos, na América Latina e, se os chineses deixarem, tambem em Macau (pelo menos em televisão, é o plano atual).

E, last but not least, adquire-se know how em materia de produção de conteudos nas áreas de informação e entretenimento (ironicamente roubado à Globo via Portugal), incorporando ao esquema o substancial aparato que a Portugal Telecom ou seus associados e filhotes “privados” já têm em pleno funcionamento nas areas de jornalismo impresso, portais e soluções de internet, empresas de outsorcing, radio, televisão e produção audiovisual espalhado por esses territórios, em operações subsidiadas pelo faturamento com telecomunicações, inteiramente desproporcional ao da publicidade que sustenta seus competidores nas sempre execradas imprensa e produção intelectual independentes.

Esse componente da equação da PT fascina o PT ha muitos anos. A relação entre os dois, como se poderá conferir na matéria já citada, vem, pelo menos, dos tempos do Mensalão. E se ha um país no mundo onde as relações entre o governo e o poder econômico são mais explícitamente libidinosas que no Brasil, esse país é Portugal. A Portugal Telecom é a unica empresa da antiga Metrópole com potencial para se projetar internacionalmente. E, sendo assim, levá-la adiante é uma questão “patriótica”, de vida ou morte, para todos os grandes egos de Portugal, tanto no setor publico quanto no privado. Com os socialistas acuados por denuncias de corrupção, as ambições midiáticas da PT ganharam um impulso temerariamente excessivo, ha dois anos. De uma operação indireta, a cargo de satélites da empresa mãe mantidos em low profile, que visava um futuro mais distante, passou-se a tentar uma ação direta de ocupação de espaços na imprensa e na televisão portuguesas que acabou sendo barrada por uma investigação da Assembléia da Republica (Parlamento), “em nome da defesa dos valores básicos do Estado de direito”. Essa história continua praticamente inédita no Brasil, mas continua se desenvolvendo em Portugal neste momento.

O projeto da PT de “hegemonia no setor de midia no mundo lusófono” - em tudo semelhante ao que faz parte do programa oficial do PT, que seus candidatos renegam em véspera de eleição mas que ninguém consegue arrancar de lá – foi momentaneamente barrado em função do escândalo político provocado pela divulgação pela imprensa de gravações telefônicas em que José Sócrates e seus cumplices tramavam a operação com suas contrapartes no mundo empresarial português, o que fez com que o principal agente “privado” dessa operação, parceiro de velhos tempos do nosso conhecido Jose Dirceu, passasse a concentrar suas atenções no Brasil, na África e no Oriente, enquanto espera a poeira baixar em Portugal. Esse agente, passando por cima do preceito constitucional que reserva o setor para capitais nacionais, lançou aqui o jornal Brasil Economico, comprou o grupo O Dia, lançou jornais em São Paulo e no Rio de Janeiro e tornou-se dono de uma das duas licensas de TV por assinatura do país, usando uma empresa de fachada da qual a mulher de Dirceu é diretora. Não vai parar por aí agora que, detentor de quase 7% da Portugal Telecom, que obteve por meio de expedientes misteriosos que o Parlamento de seu país também investiga, teve o seu cacife enormemente aumentado com a venda da Vivo.

É inegavelmente uma operação brilhante esta em que o esquema todo se fecha e se viabiliza economicamente com o dinheiro dos espanhóis que, temo, ainda terão ocasião de lamentar esse episódio. Mas, seja como for, os aspectos políticos da questão e os confessados objetivos por traz delas, que tornaram esse desenlace possível, são certamente muito mais interessantes, importantes e jornalisticamente significativos do que as infindáveis especulações a respeito das possíveis vantagens que possam resultar desse complô para os usuários de telefones, que parece ser a única decorrência desta operação que interessa à imprensa brasileira.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Parlamento Europeu no seu melhor

Aconteceu há dias. Tal como se viu há uns anos atrás, com Berlusconi e este mesmo deputado socialista alemão (que o chamou de mafioso, sem que tivesse tido qualquer reprimenda), segundo as regras em vigor no PE, só a Esquerda é tem o direito de insultar e chamar fascistas aos adversários. Caso contrário, sai punição.

De Espanha, nem bons eventos nem bons casamentos.


Foi por pouco. Não fossem os russos e sofreríamos uma humilhação tremenda com o Mundial de Espanha, em que nós participaríamos e seríamos vistos pelo Mundo inteiro como uma província.

Não existe precedente de um evento desportivo organizado entre dois países em que a divisão de tarefas não seja 50/50. Não existe precedente de um país organizador que não receba nem o jogo de abertura, nem a final. Era o corolário para uma afirmação nacional e - sobretudo - internacional de um projecto iberista que o Povo Português é compelido a aceitar pela política do facto consumado. Foram estas as condições vergonhosas, traidoras que foram "negociadas" pelo Governo do PS, e nem por isso contestadas pela oposição. Nada que surpreenda no Partido Socialista, cuja obediência a Espanha é completamente evidente e indesmentível.

Felizmente que falharam. Graças aos russos, pelo menos no futebol, continuamos a ser la província rebelde. Obrigado Rússia!

1º Dezembro - Mensagem de S.A.R. Dom Duarte de Bragança

A Independência é politicamente incorrecta




Mais um 1º de Dezembro, mais um aniversário da nossa incómoda Independência. Mais uma vez, a data praticamente só foi assinalada pelos monárquicos, o que é de todo lamentável no que devia ser uma celebração de todos os portugueses. Tal como o 5 de Outubro (de 1143), que assinala a nossa fundação enquanto estado independente. Mais um ano em que não houve comemorações oficiais, nem palavras do Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, ou de qualquer membro do Governo.


O que é especialmente grave no caso do «activo e dinâmico» Presidente, que ainda há dias lembrou que «um Presidente da República (...) é, desde logo, o garante da independência nacional».